Observação. Este um subsídio para
ajudar os professores na ministração da lição 4 – Classe de Jovens | 2° Trimestre de 2018.
Introdução
A jovem comunidade
cristã tessalonicense, apesar de sua fragilidade doutrinária, conseguiu acessar
o cerne da mensagem evangélica: o amor. Eles não apenas compreenderam o
cristianismo como vivência pura e profunda do amor, como também experimentaram
comunitariamente os efeitos de tal verdade divina. Reflitamos sobre como
crescer em comunhão intensa com Deus de modo rápido, porém absolutamente sadio.
1. O “Fracasso” de Atenas, as Boas Notícias
de Tessalônica
O que Paulo podia esperar depois da surra e cadeia em
Filipos e da fuga repentina de Tessalônica?
Bem, se Paulo fosse um de nós, talvez a confirmação de que a vocação para a
Macedônia era um propósito divinamente inspirado e não apenas um empreendimento
humanamente falido. A missão em
Beréia serviria perfeitamente a essas expectativas; afinal de contas, como nos
narra Lucas, houve uma adesão coletiva daquela cidade à pregação de Paulo (At
17.11,12). E que modo melhor de ratificar isso, senão por meio de uma exitosa
missão na celebrada Atenas?
CLIQUE LEIA TAMBÉM:
Centro filosófico do mundo, ainda naquele momento
histórico, casa dos fatalistas estoicos e dos epicuristas hedonistas, Atenas —
numa análise humanamente fundada — seria uma ótima oportunidade para chancelar
o ministério de Paulo não apenas
naquela região, mas também em todo o mundo antigo. Entretanto, como bem se sabe,
apesar do emblemático discurso no Areópago (At 17), os resultados práticos
foram similares aos de Filipos e Tessalônica: numericamente inexpressivos; bem
diferente dos alcançados em Bereia.
2. Paulo como um Formador de Novos Líderes
Em 1Ts 3.2, somos informados de que Timóteo é enviado a
Tessalônica não como um estagiário em missão de representação de seu líder, mas
como um ministro revestido de autoridade e responsabilidade sobre um
determinado grupo de irmãos. Essa é uma atitude absolutamente acertada para
ambos os lados, isto é, tanto Timóteo, que teve a oportunidade de vivenciar uma
riquíssima experiência pastoral ainda muito jovem, quanto a comunidade dos
tessalonicenses, que foi confortada e animada por meio da palavra anunciada.
Para a maioria dos comentadores, Timóteo tinha entre 20 e
30 anos quando foi enviado em missão à Igreja de Tessalônica. Quais eram os
riscos que tal atitude de Paulo poderia produzir para a vida de Timóteo?
Inúmeros. Em primeiro lugar, a própria morte. O clima em Tessalônica estava absolutamente
hostil; tanto os religiosos judeus quanto os desordeiros que havia naquela
cidade realizaram uma verdadeira caçada a Paulo e seus amigos, tanto que alguns
irmãos sofreram perseguições e prisões ainda com Paulo em Tessalônica (At
17.6), e, mesmo depois de terem saído da cidade, a equipe missionária ainda foi
perseguida de maneira insistente, a ponto de terem de fugir de Bereia também
(At 17.13-15).
Havia, de fato, um risco de morte, não apenas pela
oposição dos religiosos e baderneiros, mas também do próprio império romano,
uma vez que a acusação que pesava sobre os missionários era de insurreição. Os
religiosos recorreram às autoridades romanas sob a alegação de que Paulo e sua
equipe proclamavam outro rei em terras tessalonicenses, Jesus (At 17.7). Ora,
esta fora a mesma acusação segundo a qual o próprio Cristo acabou sendo crucificado.
Se o risco de morte for desconsiderado de modo
arbitrário, ainda persistem as possibilidades de perseguição, prisão, espancamento,
etc., que já eram reais durante a ação ministerial de Paulo e que continuavam,
pois a distância temporal da fuga apostólica para o retorno de Timóteo era
muito curta.
Além de todos os riscos de integridade física que Timóteo
corria, ainda havia a possibilidade de tudo se complicar ministerialmente.
Bastaria os tessalonicenses rejeitarem a juventude do auxiliar de Paulo, ou,
quem sabe, de modo justificado, sua inexperiência, e a trajetória ministerial
de Timóteo sofreria um revés, talvez, insuperável.
3. Paulo e o Ministério como Motivação para a
Vida Cotidiana
Em 1 Ts 3.8, temos uma das declarações mais pastorais de
todo o Novo Testamento. Paulo literalmente diz nesse texto que a continuação da
vida tornou-se muito mais leve e sem o peso da culpa por meio da maravilhosa notícia
de que os tessalonicenses permanecem firmes na vocação da salvação que lhes foi
anteriormente anunciada pelo missionário.
A amabilidade desse texto surpreende qualquer leitor de
outras cartas paulinas, nas quais, apesar de toda atenção e cuidado, em nenhuma
se registra tamanho afeto. Nessa pequena declaração, Paulo está afirmando o
quanto foi angustiante ficar sem notícias daquela jovem comunidade; desse modo,
diante do retorno de Timóteo, o ânimo novamente se recobrou no coração do apóstolo.
Ao refletirmos sobre o relacionamento de Paulo com a
Igreja de Tessalônica, deparamo-nos com um modelo de liderança muito distante
das práticas eclesiástico-empresariais dos dias atuais.
Quem atualmente investiria tempo e pessoal numa
localidade extremamente avessa ao evangelho? Basta analisar o quanto a igreja
contemporânea investe em templos suntuosos em comparação ao que envia para os
trabalhos missionários em países avessos ao cristianismo.
Imaginemos a revolução missionária que aconteceria ao
invertermos a balança de prioridades da igreja contemporânea; quantos
missionários seriam enviados, quantos cristãos oriundos de países fechados ao
evangelho receberiam treinamento de qualidade para atuarem novamente em suas culturas,
quantas bíblias poderiam ser traduzidas, reproduzidas e distribuídas.
Infelizmente, tudo isso hoje é dissolvido em mármore para
templos nababescos, atividades para entretenimento de cristãos ociosos e
jatinhos para líderes gananciosos.
Lembremos que Tessalônica era um desses lugares
ostensivamente contrários à pregação do evangelho; onde se formou uma pequena comunidade
de novos cristãos; contudo, era para lá que as orações de Paulo estavam
direcionadas; era para lá que seu coração pulsava. É necessário reconhecermos
que os fundamentos do Reino são completamente diferentes das regras dos
negócios religiosos de hoje.
Em muitas instituições religiosas, se determinada igreja
local seguidamente não “atingir a meta” de seus desafios financeiros de
arrecadação monetária impostos pela igreja matriz, ela corre o risco de simplesmente
ser fechada, a despeito das pessoas ali congregadas. Nesse tipo de compreensão
da espiritualidade, não há espaço para a visão de amor
ou misericórdia; o que impera é o pragmatismo financeiro, de tal modo que,
diante do fracasso dos objetivos materiais, não há qualquer preocupação
espiritual ou com pessoas.
Segundo essa lógica, mata-se e morre-se, e mais se mata
do que se morre,
pelo poder de grandes catedrais, de grandes aglomerações humanas; não por
amor às almas perdidas, mas por ambição das vidas sem sentido, as
quais, na busca desenfreada por paz interior, são capazes de embarcar na ilusão
de investir financeiramente para comprar tal condição.
Precisamos urgentemente de pastores como Paulo.
4. Paulo e o Rogo pelos Tessalonicenses
Diante do retorno de Timóteo, do anúncio das boas
notícias vindas da parte dos tessalonicenses, Paulo, o apóstolo, faz um rogo a
Deus por aqueles novos irmãos. A importância de destacar-se aqui tal pedido
deve-se à natureza desse tipo de clamor intercessório. O rogo, déomai em grego,
diz respeito à oração que se faz com insistência, em virtude de uma falta
estrutural. Desse modo, podemos compreender que Paulo, diante das
impossibilidades que se impunham, assume suas limitações, suas carências, e
roga ao Pai, ou seja, àquEle que é poderoso, para fazer algo em favor dos
tessalonicenses.
Uma atitude de oração tão intensa demonstra o quanto
Paulo estava preocupado com a situação dos tessalonicenses. Assim, pode-se
supor que, se havia paz e firmeza em Cristo no interior da igreja, no entorno
desta, isto é, na sociedade na qual a comunidade estava inserida, a situação
era muito complicada.
5. A Causa e a Finalidade do Amor dos
Tessalonicenses
Foi para uma vida centrada no amor que os tessalonicenses
foram vocacionados. A vivência desse amor, como atesta Paulo em 1 Ts 3.12, não deveria
ser algo egoísta ou centrado apenas nas pessoas que aderiram à fé na pequena
comunidade cristã, mas, pelo contrário, a prática fraternal deveria ser para
com todos daquela cidade, inclusive para os inimigos da fé. Deve-se destacar
que, quando Paulo ora a Deus e roga o aumento do amor entre os tessalonicenses,
esse amor que Deus acresce é, textualmente, o agápe (v. 12); já em 1 Ts 4.9,10,
quando o apóstolo elogia o amor fraterno vivenciado e praticado por aquela
jovem igreja, cuja repercussão já atingia toda a Macedônia e que só deve ser
aumentado cada vez mais por eles, o termo grego para designar esse amor é philadelfia. Dessa maneira, não importa
o nível ou tipo de amor que vivenciamos; devemos aspirá-lo e promovê-lo
continuamente.
Este amor divinamente inspirado que aumentou e
multiplicou-se entre os tessalonicenses é a causa e a finalidade da existência
daquela comunidade. Se não fosse o amor de Deus por aqueles frágeis irmãos, a
Igreja em Tessalônica não teria subsistido diante de tamanhas perseguições e
oposições. Se não fosse o verdadeiro amor dos tessalonicenses a Jesus, estes
jamais teriam abandonado os ídolos tradicionais de sua cultura pagã para
vivenciar a radicalidade do evangelho. Foi o amor fraternal entre os irmãos de Tessalônica que fortaleceu mutuamente aquela jovem
comunidade, a ponto de juntos superarem os desafios ao estabelecimento da sua
fé. Mediante o amor aos demais habitantes daquela cidade, o testemunho daqueles
irmãos ultrapassou os limites da cidade e espalhou-se por toda a província.
Poderoso e inigualável amor.
Fonte:
A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses
para estes últimos Dias, CPAD
Autor: PR. Thiago Brazil