Observação. Este um subsídio para
ajudar os professores na ministração da lição 5 – Classe de Jovens | 2° Trimestre de 2018.
Existe um modelo de
procedimento social a ser adotado por um cristão? O modelo de vida proposto por
Paulo aos tessalonicenses para uma comunidade há 2 mil anos ainda tem caráter
aplicável na sociedade atual? Ao discutirmos questões relativas à vida em
sociedade dos cristãos, devemos pautar-nos em regras ou princípios, atitudes ou
conceitos?
Ora, as respostas a
essas questões envolvem uma série de comprometimentos conceituais, os quais,
por se organizarem como uma cadeia argumentativa, não podem ser assumidos sem
levar em consideração aqueles que estão conectados a eles.
Talvez, a questão
central em toda essa discussão seja compreender a relação entre cristianismo e
cultura, mais especificamente sobre a necessidade de apresentação dos
princípios norteadores da cultura cristã e a aplicabilidade dos mesmos à
realidade comunitária de cada igreja local.
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Se assumirmos o
caráter estrutural dessa questão, a necessidade de resposta a algumas das
seguintes questões impõe-se: o que é cultura? Existe uma cultura cristã ou
apenas pressupostos cristãos que, aplicados a qualquer cultura, ressignificam
as práticas culturais vigentes de qualquer sociedade? Diante do
multiculturalismo contemporâneo, a defesa de pressupostos supraculturais ainda
faz sentido?
Partamos da definição
de cultura como tudo aquilo que é realizado pelo homem e não está condicionado
pelo biológico. De tal concepção, deriva-se uma inevitável conclusão: apenas o
homem produz cultura, uma vez que todos os demais seres vivos estão subordinados
as suas determinações genético-biológicas, restritos, assim, aos seus instintos
animalescos, a uma determinada região geográfica e modo de vida, por exemplo; o
homem, por sua vez, é criador de seus costumes, produtor de seu modo de vida e colonizador
de todo o planeta.
Para que se esclareça
mais ainda tal definição de cultura, lembremo-nos de que o homem é o único ser
capaz de transformar a natureza, enquanto os demais seres apenas se apropriam
da mesma do modo como esta lhes é apresentada. Criamos objetos para superar nossas
limitações biológicas. Com o avanço da tecnologia, somos capazes de, inclusive,
por meio de substâncias que produzimos ou transformações que realizamos em nós
mesmos, alterar condicionamentos naturais — pensemos em cirurgias para
implantes de córneas, utilização de próteses para substituição ou melhoramento
de membros ou órgãos, etc.
Sobre
essa concepção de cultura como elemento constitutivo e construtivo do homem,
afirma-nos Laraia:
O homem é o resultado
do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo
acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas
numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse
patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. Estas não são, pois, o
produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma
comunidade. (LARAIA, 2008, p.48)
Pode-se, no entanto,
restringir o conceito de cultura ao conjunto de práticas significantes
produzidas por uma determinada coletividade. De acordo com essa definição
stricto sensu de cultura, podemos entender que cada comunidade, em períodos de
tempo específicos, produziu uma série de conhecimentos, artes, costumes e rituais
— em suma, cultura — que só pode ser entendido a partir de uma vivência interna
à própria comunidade. Desse modo, um simples observador externo será incapaz de
compreender determinadas práticas culturais; no máximo, será capaz de
avaliá-las somente a partir de seu prisma cultural particular, deformando,
assim, o significado de certo conjunto de ações próprio de uma sociedade.
A pergunta que persiste é: como definir uma
cultura cristã? Falando em termos sociológicos, seria mais exato falar sobre a
cultura da comunidade cristã em Tessalônica. Ou seja, as práticas culturais da
Igreja em Tessalônica provavelmente serão distintas daquelas vivenciadas na
comunidade cristã em Corinto, por exemplo, apesar de ambas serem coletividades
que se guiam religiosamente de acordo com a orientação cristã.
É por isso que Paulo
não criticará, especificamente, a alimentação onívora ou vegetariana dos grupos
em conflito na Igreja de Roma, mas, antes, exortará que, acima das questões
gastronômicas — e é simplesmente neste nível que elas são definidas pelo
apóstolo —, estejam o amor ao próximo e a misericórdia para com os mais frágeis
na fé. A discussão que se concentra na questão da liberdade e tolerância
materializa-se por meio de uma celeuma cultural (Rm 14).
Conclusão
É necessário,
entretanto, reconhecermos que algumas práticas culturais adotadas por certos
povos colidem frontalmente com os princípios cristãos, de tal forma que o papel
da evangelização cristã nessas comunidades será o de promover não apenas
redenção individual, mas também a transformação coletiva; não apenas salvação
pessoal, mas também a restauração sociocultural.
Fonte:
A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses
para estes últimos Dias, CPAD
Autor: PR. Thiago Brazil