Qual deve ser
a nossa posição quanto ao uso da cruz? Quem a instituiu como símbolo da Igreja?
Seu uso não seria idolatria?
No seu historicismo não
havia qualquer sacralidade quanto à cruz. Estudiosos falam sobre
aproximadamente seis tipos de cruzes:
(1) a cruz simples, contendo
um pilar único e uma estaca horizontal; (2) a cruz de Santo Antônio, a qual se
configurava na forma de um "T";
(3) a cruz de Santo André,
na forma de um "X";
(4) a cruz de São Jorge,
contendo apenas dois pedaços de tamanho iguais;
(5) a cruz tripla, que eram
postas em fileiras, a partir do século V usadas pelos sacerdotes;
(6) a cruz latina, crux immissa, que, segundo a tradição
cristã primitiva, Jesus foi crucificado nesse tipo de cruz, e a base para tal
afirmação deriva da inscrição que nela foi feita (Mt 27.37; Mc 15.26; Lc
23.38).
Crê-se que a prática de usar
a cruz como sinal no corpo tenha tido origem com os cristãos judeus primitivos
antes da destruição de Jerusalém (70 d.C). Em 194.5 foram encontrados dentro de
ossuários restos mortais marcados com sinal da cruz no formato do sinal de
mais; posterior e semelhantemente, foi encontrado outro ossuário em um
cemitério cristão no Monte das Oliveiras.
Pelo texto do Antigo
Testamento não havia da parte dos judeus qualquer sentimento pela cruz,
inclusive os que pecavam recebiam como sentença o apedrejamento (Dt 21.20,21)
e, para que as pessoas fossem advertidas, o corpo dos penalizados eram
pendurados em árvores, em estacas (Dt 21.22, 23; Js 10.26). Expor o corpo dos
que foram apedrejados era evidenciar a pena capital atribuída
pelo crime cometido, o que configurava uma maldição (Dt 21.23).
Em destaque, citamos os
gregos e os romanos, que praticavam a condenação de criminosos na cruz, que foi
tomada como modelo dos fenícios. Desde o governo de Constantino, a cruz se
reveste de um emblema vergonhoso, cruel, devido aos homens perversos que ali
pagavam seus crimes. Assim, a maldição recebida era o castigo por morte na cruz
- a pior das maldições. Era na cruz que criminosos, assaltantes, bandidos
cruéis, aqueles que se envolviam em revoltas, recebiam suas punições.
Na questão de Jesus morrer
na cruz está claro pelo fato de Ele se tornar maldição por nós (Gl 3.13), pois
era maldito qualquer que fosse pendurado no madeiro. Perceba que há um
entrelaçamento daquilo que o Antigo Testamento diz com o que diz o Novo, pois
se segue a ideia de maldição para quem fosse pendurado no madeiro.
Na contextura do Antigo e do
Novo Testamento, morrer na cruz ou na árvore era sinal de grande maldição.
Nesse particular a cruz poderia até ser uma pedra de tropeço para os judeus,
conforme descreve Paulo (1Co 1.23; Gl 5.11). Simbólica e emblematicamente, da
pessoa que morre na cruz, Jesus, vem a mais perfeita sabedoria divina e o poder
para salvar o homem dos seus pecados (1Co 1.24.). Por meio da morte de Jesus na
cruz, entendemos o quanto éramos miseráveis, mas, através dEle se revela a graça
de Deus para todos.
Portanto, podemos dizer que
o uso da cruz como sinal no corpo, bracelete, ou nos púlpitos de igrejas não
tem efeito algum. A prática do uso da cruz como um símbolo religioso é anterior
ao Cristianismo e empregada por diversos povos do mundo. É o caso da cruz
suástica, que simbolizava o fogo e o sol; o Egito, por sua vez, tinha como
símbolo de cruz o anjkh,
representando a vida, mas tudo isso resulta de interpretações próprias, de um
sentimento religioso subjetivo, jamais de uma ordenança de Cristo, pois em
Hebreus não é dito "olhem para a cruz", mas, sim, que devemos olhar
para o autor e consumador de nossa fé (Hb 12.2).
Jesus fez uso da cruz de
modo análogo ao afirmar que cada um deve tomar sua cruz e segui-10, ensinando
assim que devemos pôr de lado os nossos interesses e egoísmo, e nos voltarmos
para Ele (Mt 16.24). A igreja pode pregar a mensagem da cruz como expiação
substitutiva, aludindo à grande obra que Jesus fez quando assumiu os nossos
pecados (1Co 1.18; Gl 6.14; Cl 1.20; 1Pe 2.24), mas não deve fazer dela o
símbolo do Cristianismo.
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EBD | Fonte:
Jornal Mensageiro da Paz, ano 88 – N° 1595 | Artigo: Pr. Osiel Gomes