Lição 9- A Cerca das últimas Coisas


Observação. Este artigo é um subsídio para ajudar os professores na ministração da lição 9 – Classe de Jovens | 1° Trimestre de 2018.

I. A PERGUNTA ESCATOLÓGICA DOS DISCÍPULOS (Mt 24.3)
Depois disso, Jesus vai até o Monte das Oliveiras e se assenta (Mt 24.3). Da posição em que Ele estava era possível, olhando para baixo, avistar Jerusalém e o Templo onde estava até há pouco. Shelton (2006, p. 130) afirma que o Monte das Oliveiras é o “lugar muito apropriado para o ensino sobre o tempo do fim, levando-se em conta a profecia de Zacarias: ‘E, naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente, e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio (Zc 14.4)”.
1. As palavras de Jesus sobre a destruição do Templo deixaram os discípulos intrigados.
Os discípulos se achegam em particular com Jesus onde estava assentado e fazem a pergunta crucial: “Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”.

Jesus estava falando da destruição do Templo e os discípulos perguntam a respeito da vinda do Messias e sobre o fim do mundo, será que acreditavam que tudo isso aconteceria simultaneamente?

Robertson (2016, p. 264) faz uma sugestão coerente ao afirmar: “[…] é suficiente ver que Jesus usa a destruição do Templo e de Jerusalém como parte de um complexo de eventos que leva à sua Segunda Vinda e, no final das contas, ao fim do mundo ou consumação da era”.

2. Afinal Jesus continuou falando a respeito da destruição do Templo e Jerusalém ou sobre a sua Segunda Vinda e o fim dos tempos?
Na realidade, o discurso de Jesus atende as duas coisas. Para isso, se faz necessário utilizar de um recurso literário chamado tipologia.
Jesus continua falando a respeito da destruição de 70 d.C., mas por meio da tipologia é possível interpretar esse acontecimento histórico para um tempo futuro.

Uma futura releitura do fato ocorrido em 70 d.C. como figura de algo que iria acontecer em época vindoura. Bock (2006, p. 317) reforça essa ideia ao afirmar que “[…] a destruição do Templo, que agora sabemos que aconteceu em 70 d.C., também retrata o tipo de período que caracteriza o fim dos tempos”. O que já foi visto e continuará a ser visto nos próximos capítulos. Fatos que aconteceram e narrativas da Lei, dos profetas e dos Salmos (tipo) que são relidos no Novo Testamento, neste caso no Evangelho de Mateus para demonstrar o cumprimento na vida e obra de Jesus (antítipo). Se o leitor absorver esse conceito terá uma grande evolução na interpretação bíblica.
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II. A BELEZA DO TEMPLO
Robertson (2016, p. 263) diz que os edifícios do Templo “[…] eram bem conhecidos por Jesus e seus discípulos, sendo belos como uma montanha de neve. O monumento que Herodes, o Grande, começara só estaria concluído alguns anos antes da sua destruição (Jo 2.20).

1. As pedras do templo
As grandes pedras eram de mármore polido”. O Evangelho de Marcos (Mc 13.1,2) afirma que os discípulos admiravam todos os edifícios do Templo construído por Herodes, o Grande. Ainda que os edifícios fossem conhecidos de Jesus e seus discípulos como afirma Robertson, não era todo dia que eles presenciavam aquela cena. Certamente, desta vez, pararam um pouco mais para apreciar sua beleza.
A maioria das pedras era enorme e sua colocação é uma obra de engenharia apreciada até os dias de hoje. Matthew Henry comenta sobre a suntuosidade do segundo Templo:

Era uma estrutura muito bonita, e majestosa, uma das maravilhas do mundo; nenhum custo foi poupado, nenhum tipo de arte foi deixado de lado, para torná-lo suntuoso. Embora ele não se comparasse ao Templo de Salomão, e fosse pequeno no inicio, ele realmente cresceu mais tarde. Ele era ricamente adornado com ofertas, as quais contínuos acréscimos eram feitos. Eles mostraram a Cristo essas coisas, e desejaram que Ele também as observasse.

Mateus não comenta o motivo que levou os discípulos a mostrarem as estruturas para Jesus. Robertson (2016, p. 263) entende que os discípulos estavam “querendo aliviar a tensão do Mestre”. Todavia, também existe a possibilidade dos discípulos estarem pensando em um possível reinado de Jesus e a influência que poderia ter no Templo.

2. O contexto do Templo
O contexto do Templo é de um controle duplo:
a) religioso – por parte dos principais dos sacerdotes e seus auxiliares próximos;
b) imperialismo – controle do império romano. Assim, o povo é controlado e explorado pelas duas formas de liderança.

O Império Romano que detém o poder imperial sobre maior parte do mundo conhecido outorga poder limitado aos líderes religiosos. Esses líderes são obrigados a manter a paz e o controle sobre o povo para evitar levantes e riscos ao controle imperial, caso contrário poderiam ser punidos ou substituídos. Por isso, a preocupação constante dos principais dos sacerdotes com relação às condutas de Jesus, pois as suas posições estavam em jogo. Na realidade, a grande preocupação era em se manter no poder e na zona de segurança, junto aos líderes romanos. No entanto, Jesus anuncia que tudo isso iria ser destruído, inclusive o grande símbolo do poder compartilhado, o Templo. Os discípulos viam a árvore, enquanto Jesus observava a floresta.

O anuncio da destruição do Templo tem um papel fundamental para entendimento do chamado discurso escatológico dos capítulos 24 e 25 de Mateus. Com efeito, comumente se faz confusão com os gêneros literários: escatologia (escatologia profética e escatologia apocalíptica), profecia e apocalipse. Estes textos em estudo abrangem os três tipos de gênero, que se conversam entre si, mas com interpretações diferenciadas, pois o foco é diferente.

3. A Destruição do templo
O discurso de Jesus anunciava que toda aquela pompa demonstrada pelos principais dos sacerdotes iria cair por terra com destruição do Templo de Jerusalém. Matthew Henry alega que em 70 d.C., o próprio imperador Tito, responsável pela conquista de Jerusalém, tentou evitar a destruição do Templo, mas não conseguiu conter seus soldados:

[…] embora Tito, quando tomou a cidade, tivesse feito tudo o que podia para preservar o Templo, não conseguiu impedir que os soldados furiosos o destruíssem completamente; e isto foi feito a tal ponto, que Turno Rufo arou o local onde ele tinha estado; assim se cumpriu esta passagem das Escrituras (Mq 3.12): “Por causa de vos, Sião será lavrado como um campo”. (HENRY, 2008, 309)

III. ANÁLISE TIPOLÓGICA DA DESTRUIÇÃO DO TEMPLO (Mt 24)
Para entender este discurso de Jesus em Mateus 24 e 25 faz-se necessário um conhecimento, no mínimo, panorâmico sobre o que aconteceu em 70 d.C. e nos anos anteriores. Nesta seção será descrito o fato histórico dos eventos que antecederam e a própria destruição do Templo e de Jerusalém. Esses eventos são tipos de eventos futuros (análise tipológica).

1. Fato histórico da destruição de Jerusalém e seu Templo (v. 4-26)
A resposta de Jesus inicia com uma advertência: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane, porque […]”. Ele começa a falar sobre o que aconteceria nos momentos anteriores e durante a destruição do Templo e de Jerusalém.

Em 62 d.C. morreu Festo, um administrador romano considerado qualificado e prudente pelos historiadores. A vacância provocada por sua morte foi aproveitada pelos líderes da comunidade judaica para se livrar de algumas pessoas indesejadas, uma vez que eles não tinham autoridade legal para sentença de morte. Nesse período que é executado Tiago, irmão de Jesus. A perseguição à comunidade cristã de Jerusalém faz com que os cristãos emigrem para Pela, uma cidade da Decápole, na região a oriente do Jordão.

O sucessor de Festo foi Albino (62-64), um corrupto que foi substituído por Géssio Floro (64-66), considerado incompetente em sua administração, o que criou condições para levante dos inimigos de Roma, inclusive a liderança judaica, depois de alguns conflitos com Géssio Floro. Um dos líderes da rebelião era Josefo, membro da classe alta, que na organização da resistência militar torna-se general do exército da Galileia.
Em 66, a resistência judaica consegue expulsar o procurador Géssio Floro e três mil soldados que protegiam a posição de Agripa. O legado da Síria Céstio Galo intervém, mas os rebeldes judeus lhe infligiram pesadas baixas. O grupo da resistência era liderado por um grupo messiânico chamado Zelotas, mas entre os próprios líderes revolucionários não havia unanimidade, resultando em uma guerra civil entre correntes judaicas rivais. O imperador Nero se conscientizou que precisava interferir e designa o general Vespasiano para reprimir a rebelião judaica.

Vespasiano começa sua ação com cerco de várias semanas à Galileia. O general Josefo se entrega. Ele é mantido como refém de Vespasiano e acaba por prestar valiosos serviços aos romanos devido ao seu nível cultural e conhecimento histórico sobre os judeus. Com a morte de Nero em 68 d.C., Vespasiano suspende todas as ações militares.

Todavia, na primavera de 69 d.C. ele inicia o cerco de Jerusalém, mas os constantes conflitos com relação à sucessão de Nero continuam retardando o avanço dos romanos. No entanto, no verão de 69, o próprio general Vespasiano é declarado imperador e designa seu próprio filho sucedê-lo no cerco à Jerusalém. Em setembro de 70 d.C. Tito conquista várias partes de Jerusalém e, mesmo contra sua vontade, o Templo também é destruído. A última fortaleza, Massada, foi destruída em 73 d.C., quando seus defensores comentem suicídio coletivo (KOESTER, 2005, p. 401, 402).

2. O total de mortos
Flávio Josefo (De belloIud. VI, 420) afirma que o total de mortos foi de 1.100.000 pessoas. Enquanto, Orósio (Hist. Adv. pag. VII, 9, 7) e Tácito (Hist. V, 13) falam em 600.000 mortos. Provavelmente, esses números são exagerados, mas é certo que o número de mortos foi muito grande. Durante a época do imperador Adriano, outra figura messiânica, Bar Kochba (132-135 d.C.), lidera outra insurreição com intenção de reconstruir o Templo, mas falhou em seu intento. O imperador Adriano proíbe o acesso do povo judeu ao território de Jerusalém e arredores.

Os saduceus, que surgiram no período hasmoneano (166-163 a.C.), desaparecem depois da queda de Jerusalém. O grupo dos zelotas deixou de existir a partir de 73 d. C., após a guerra de Massada (SHELTON, 2013, p. 58).

Os fariseus reuniram-se na cidade litorânea de Jâmnia. O farisaísmo por meio da instituição de um judaísmo sem o Templo e serviços sacerdotais ainda perdurou por séculos (KOESTER, 2005, p. 402). A perseguição aos cristãos pelos judeus, obrigando-os a fugirem para Pela, conforme citado anteriormente, acabou por livrá-los de passar pela “grande tribulação”, citada por Mateus nos versos aqui estudados. Alguns líderes da Igreja Primitiva (Eusébio e Epifânio) afirmam que a fuga foi por revelações ou pela interpretação do discurso de Jesus, com base em Marcos 13.14.

IV. A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO E O FIM DOS TEMPOS
Entre a destruição do Templo e o fim dos tempos, temos os “tempos dos gentios”, o tempo da Igreja de todas as nações como parte da história da salvação. Se retornarmos um pouco no Evangelho de Mateus (24.14): “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim”.

Destaca-se a necessidade da proclamação do Evangelho, o que tem sido feito desde a ascensão de Cristo, para que venha a parúsia e o fim dos tempos. Enquanto a Igreja continua a caminhada anunciando o Reino e vivendo o dia a dia de seus membros, Jesus aponta alguns sinais como pontos de atenção para quando estiver se aproximando esse fim. Para sinalizar Ele conta a parábola da figueira (Mt 24.32-36).

1. A Figura da Figueira
A figura da figueira era comum na história religiosa de Israel (Os 9.10; Jr 24.1, 2; Jl 1.6, 7). Quando um judeu olhava para uma figueira e estivesse brotando folhas tenras ele já sabia que o verão estava próximo.

Por meio desse exemplo, Jesus responde aos seus discípulos sobre o fim do mundo. Ele já havia advertido a respeito dos sinais nas citações de Mateus em 24.3-31, quando os falsos cristos/messias; guerras e rumores de guerras, fome, terremotos, perseguições, esfriamento da fé, profanação do Templo, entre outros estivessem acontecendo seria a garantia de que a destruição do templo estaria próximo. Os sinais também seriam tipos de eventos que aconteceria no futuro, sinais que antecederão a parúsia e o fim dos tempos.

2. A necessidade de vigilância
Após anunciar os sinais que antecedem a parúsia, ele acrescenta com advertências sobre a necessidade de vigilância (Mt 24.37-51). Jesus compara sua vinda com os dias de Noé (v. 37-44). Destaca a surpresa do dilúvio, enquanto as pessoas viviam sua rotina de vida e perversidades.

Mateus apresenta dois grupos de pessoas na sua comunidade:
a) o grupo que aguardavam o fim imediato dos tempos e estabelecimento do Reino messiânico;
b) o grupo acomodado, que não estavam preocupados com o Reino de sua vinda.
Os primeiros, nos versículos anteriores já haviam recebido as orientações. O segundo, agora recebe a advertência de Jesus, pois estavam despercebidos e se continuassem assim seriam pegos de surpresa na Segunda Vinda.

Em seguida, continua a exortação com a parábola dos bons e dos maus servos (v. 45-51). Fala de um senhor e dois tipos de servos. Um que é fiel e sensato, ele recebe as ordens de seu senhor e se preocupa em deixar tudo conforme orientado, prevendo que com a chegada de seu senhor encontrará tudo conforme esperado. Esse é recompensado de ser o encarregado dos bens. O outro servo é mau, aproveita a ausência e aparente demora de seu senhor para se divertir e explorar os demais servos. O senhor retorna em um dia que o servo mau não está esperando e o que resta para ele é “pranto e ranger de dentes” (v. 51).
Dessa forma, a vinda do Cristo será feliz para quem estiver preparado, mas terrível para quem estiver acomodado.

Conclusão
Jesus não vê a destruição do Templo como o tempo da sua parousia” (termo parousia significa literalmente ‘presença’, e era usado para descrever as visitas de estado oficiais de dignitários; por conseguinte tomou-se termo técnico para aludir a Vinda de Jesus.) (SHELTON, 2006, p. 131). De fato, Jesus demonstra que a destruição do Templo e de Jerusalém como princípio das dores, e fazendo uso da tipologia, como um tipo de eventos que aconteceria no futuro. Como afirma Tasker (2006, p. 177): “[…] a linguagem com que estes eventos são expressos é em parte literal e em parte simbólica”.

Muitos comentaristas atribuem relações da destruição de Jerusalém e do Templo com os eventos da Grande Tribulação do livro de Apocalipse. Todavia, se faz necessário uma análise tipológica entre os acontecimentos ocorridos na destruição de Jerusalém e do Templo com os eventos futuros.
Atenção!
Fonte: Seu Reino não Terá Fim – PR. Natalino Das Neves
Este subsídio fora adaptado por www.subsidiosebd.com


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