Obs. Este
artigo é parte do subsídio para a lição bíblica da classe de Adultos.
Na lição de hoje, além do tema “livre-arbítrio”, é tratado também sobre Eleição e presciência divina. Esta é uma boa oportunidade para vermos o que de fato pensava o pastor Jacó Armínio sobre livre-arbítrio. Nos da Assembleia de Deus - ministério do Belém -, somos chamados por alguns de arminianos.
Na lição de hoje, além do tema “livre-arbítrio”, é tratado também sobre Eleição e presciência divina. Esta é uma boa oportunidade para vermos o que de fato pensava o pastor Jacó Armínio sobre livre-arbítrio. Nos da Assembleia de Deus - ministério do Belém -, somos chamados por alguns de arminianos.
QUEM ERA ARMÍNIO
1. A origem de Armínio.
Arminius latinizou seu nome holandês original,
usualmente apresentado como Jacob Harmenszoon, imitando, como era comum, outros
homens instruídos. Ele se denominou Arminius, o nome do famoso comandante
germânico que resistiu aos romanos no início do primeiro século.
a) Nascimento.
Nasceu
em Oudewater, uma pequena cidade perto de Utrecht, na Holanda, em 10 de outubro
de 1560.
Como ele tinha apenas quatro anos de idade
quando Calvino morreu em 1564, é claramente evidente que Calvino e Arminius
nunca debateram a questão do Calvinismo.
b) Seu pai Herman.
Seus pais eram pessoas respeitadas da classe
média. Seu pai era um mecânico engenhoso que atuava no comércio como cuteleiro.
Seu sobrenome era Herman, ou, segundo alguns.
Ele morreu, deixando a sua mulher viúva com
crianças pequenas.
O
pastor Theodorus Aemilius adotou então Armínio e o pôs na escola de
Utrecht. Contudo, esse pastor veio a falecer em 1574 e outro nativo de
Oudewater, Rudolph Snellius, levou-o a estudar em Marburgo, onde Snellius era
professor.
A família de Armínio morreu durante o massacre
espanhol de Oudewater em 1575. Armínio retornou à Holanda e continuou seus
estudos de teologia na Universidade de Leiden, onde permaneceu desde 1576 até
1582.
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2. Vida acadêmica.
Foi um teólogo da época da reforma
protestante. Armínio recebeu o título de Doutor em Divindade pela Universidade
de Leiden em onze de julho de 1603, e logo começou a desempenhar as funções de
professor de Divindade. Trabalhou em 1603 como professor de teologia na
Universidade de Leiden, e escreveu muitos livros e tratados sobre teologia.
a) Seu ministério.
Após, ele aceitou a chamada para ser pastor em
Amsterdã, no décimo primeiro dia de agosto de 1588. Nessa condição, ganhou
reputação como um bom pregador e fiel pastor.
Em Amsterdã, Arminius através de "uma
série de sermões sobre a epístola de Romanos veio a desenvolver gradualmente
opiniões sobre a graça, predestinação e livre-arbítrio, as quais se mostraram
incompatíveis com a doutrina dos professores reformados Calvino e Beza".
b) Sua esposa.
No dia dezesseis de setembro de 1590, ele se
casou com Elizabeth Real. Seu pai, Laurence Jacobson Real, foi um juiz e
senador de Amsterdã, cujo nome está imortalizado nos anais holandeses da época,
por causa do papel decisivo que exerceu na promoção da Reforma nos Países
Baixos, constantemente durante a tirania espanhola, correndo o risco de perder
suas propriedades e sua vida.
3. O sistema teológico.
O teólogo holandês Jacob Arminius (1560-1609)
discordou das doutrinas do calvinismo, argumentando que tendem a fazer de Deus
o autor do pecado, por ter Ele escolhido, na eternidade passada, quem seria ou
não salvo, e negam o livre-arbítrio do ser humano, por declararem que ninguém
pode resistir à graça de Deus.
Os ensinos de Arminius foram resumidos nas
cinco teses dos Artigos de Protesto (1610). Os primeiros seguidores holandeses
de seu ensinamento ficaram conhecidos como Remonstrantes depois de terem
emitido um documento, intitulado Remonstrância
(1610), contendo cinco pontos de desacordo com a corrente principal do
calvinismo. A Remonstrância foi preparada por aproximadamente 43 (o número
exato é debatido) pastores e teólogos reformados holandeses após a morte de
Armínio, em 1609.
a) A adesão ao sistema de Armínio por John Wesley.
John Wesley (1703-1791), fundador do movimento
metodista, abraçou a teologia arminiana e se tornou o seu maior defensor.
Hoje, a maioria dos metodistas continua
comprometida com a teologia arminiana, e o arminianismo em si tornou-se um dos
sistemas teológicos dominantes nos Estados Unidos, graças em grande parte à influência
de John e Charles Wesley.
4. Sua morte.
E morreu com apenas quarenta e nove, em
Leiden, em 19 de outubro de 1609. No dia da sua morte, por volta do meio-dia,
“com os olhos voltados para o céu, em meio às orações fervorosas dos presentes,
Armínio entregou calmamente o seu espírito a Deus, enquanto cada um dos
espectadores exclamou: ‘Ó minha alma, permita que eu morra a morte dos justos”.
Ele era distinto entre os homens pela virtude
e pela amabilidade de seu caráter privado, doméstico e social; entre os
cristãos, por sua tolerância para com aqueles que divergiam de suas opiniões;
entre os pregadores, por seu zelo, eloquência e sucesso; e entre os teólogos,
por suas fortes opiniões; embora suas visões teológicas fossem amplas e
abrangentes, era habilidoso ao argumentar, além de franco e cortês ao lidar com
as controvérsias. Seu lema era “Bona
Conscientia Paradisus”.
O QUE É LIVRE-ARBÍTRIO
O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos têm de
fazer escolhas e tomar decisões que afetam seu destino eterno,
especificamente se tratando da salvação. No Jardim do Éden, o Criador outorgou
o livre-arbítrio ao homem (Gn 2.16,17); a Israel deu também essa prerrogativa
(Dt 30.19); e à humanidade o Altíssimo possibilitou escolha entre o caminho da
salvação ou o da perdição (Mc 16.16).
Há vários textos bíblicos que apontam para o fato de o ser humano ser
livre para escolher: "todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna" (Jo 3.16); "o que vem a mim de maneira nenhuma o
lançarei fora" (Jo 6.37); "todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo" (Rm 10.13).
Exemplos bíblicos de livre-arbítrio:
ü Gn 3.1-6: Deus dá ao homem capacidade de fazer
escolhas;
ü Dt 30.19: A liberdade de escolher entre a bênção e a
maldição;
ü Is 48.18: O povo escolhe não obedecer a Deus;
ü Rm 10.9: A salvação é pela graça, mas o homem precisa
decidir aceitá-la;
ü Gl 5.1: O homem escolhe se submeter ou não ao jugo
da escravidão;
ü Sl 119.30,31: O salmista decidiu andar pelo caminho da
verdade.
Deus é soberano, amoroso e deseja salvar a todos indistintamente (2Pe
3.9), mas isso não anula o direito de escolha do ser humano. O que coube a Deus
fazer no plano perfeito da salvação Ele o fez (Jo 3.16), mas a parte do homem,
que é pela fé (Ef 2.8) decidir crer e aceitar o sacrifício de Jesus, ele
precisa fazer (Jo 3.17,18).
Deus criou seres autônomos, inteligentes e permite que suas criaturas
escolham entre o bem e o mal. No plano perfeito da salvação, Cristo deu a sua
vida por todos, mas somente aqueles que decidem crer serão salvos.
2. Qual era o pensamento
de Armínio sobre o Livre-Arbítrio?
“Esta é minha opinião a respeito do livre-arbítrio do homem: Em sua
condição primitiva, tendo vindo das mãos do Criador, o homem foi dotado
com uma porção de conhecimento, santidade e poder, para capacitá-lo a entender,
estimar, considerar, desejar e fazer o bem, de acordo com o que lhe foi dado
como missão. No entanto, ele não podia realizar nenhum desses atos, exceto
com o auxílio da graça divina. Mas em
seu estado de descuido e pecado, o homem não é capaz de pensar, nem querer, ou
fazer, por si mesmo, o que é realmente bom; pois é necessário que ele seja
regenerado e renovado em seu intelecto, afeições e desejos, e em todos seus
poderes, por Deus, em Cristo, por intermédio do Santo Espírito, para que
possa ser corretamente qualificado para entender, estimar, considerar, desejar
e fazer aquilo que realmente seja bom. Quando ele é feito participante dessa
regeneração ou renovação, considero que, estando liberto do pecado, ele é capaz
de pensar, de querer e fazer aquilo que é bom, mas ainda não sem a ajuda
continuada da graça divina” [As Obras de Armínio. Vol. 1. 1° primeira edição:
Agosto/2015 – CPAD].
ELEIÇÃO E A PRESCIÊNCIA DE DEUS
1. Eleição.
A eleição divina é um conceito teológico
sempre presente nas cartas paulinas (Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5,7, 28; 16.13; Cl
3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). Deus nos escolheu por meio de sua
determinação soberana, na qual Ele nos deu Sua graça salvadora sem considerar
quaisquer possíveis méritos e deméritos nas pessoas escolhidas (Jo 6.37; 17.6).
De acordo como Efésios os servos de Deus foram eleitos antes mesmo do mundo
existir (Ef 1.4). Elegeu, Isto é, Ele nos escolheu para Ele mesmo.
a) Quando ocorreu esta escolha?
Essa escolha de Deus ocorreu “antes da
fundação do mundo (universo)” e sucedeu “em Cristo” (Ef 1.4).
b) Quando se é alcançado por esta eleição
divina?
Essa escolha alcança os crentes quando estes
são chamados pelo evangelho (Jo 1.11,12; At 13.46; 1Co 1.9; Ef 1.13).
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa (Ef 1.13)”.
Os eleitos de Deus são todos aqueles que creram em Jesus e aceitaram o senhorio dele,
tornando-se Seus imitadores e filhos do Pai celestial.
A partir dessa experiência pessoal, chamada de
salvação, tais indivíduos passaram a desfrutar da comunhão com Deus pelo
Espírito Santo, que veio habitar nos cristãos para moldá-los à imagem divina de
Jesus, de quem se tornaram irmãos e co-herdeiros, tendo direito ao céu e à vida
eterna”.
O propósito para o qual Deus nos escolheu em Cristo:
Para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele (Ef 1.4; Leia Cl 1.22).
c) Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo
pela fé.
v A eleição é feita em Cristo, pelo seu sangue; “em quem [Cristo]...
pelo seu sangue” (Ef 1.7). O propósito de Deus, já antes da criação (Ef 1.4),
era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz. Sendo
assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no Calvário,
para nos salvar dos nossos pecados (At 20.28; Rm 3.24-26).
v A eleição em Cristo é em primeiro lugar coletiva, isto é, a eleição de
um povo (Ef 1.4,5, 7, 9; 1Pe 1.1; 2.9). Os eleitos são chamados “o seu [Cristo]
corpo” (Ef 1.23; 4.12), “minha igreja” (Mt 16.18), o “povo adquirido” por Deus
(1Pe 2.9) e a “noiva” de Cristo (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva e abrange
o ser humano como indivíduo, somente à medida que este se identifica e se une
ao corpo de Cristo, a igreja verdadeira (Ef 1.22,23).
v A eleição para a salvação e a santidade do corpo de Cristo são inalteráveis.
Mas individualmente a certeza dessa eleição depende da condição da fé pessoal e
viva em Jesus Cristo, e da perseverança na união com Ele.