1. Definição do termo
O termo "escatologia" e seus cognatos correspondem à
"doutrina das últimas coisas".
Escaton (que vem por último) designa a doutrina que diz respeito ao fim
do mundo presente e ao mundo vindouro.
Desde que Cristo irrompeu e com Ele o Reino de Deus, o domínio da
escatologia já está presente misteriosamente entre nós, com o seu peso de
promessas e, simultaneamente, seu atual julgamento. (')
Existem em o Novo Testamento
alguns termos técnicos que designam o domínio presente, atual e futuro, ao
mesmo tempo, da escatologia na vida da Igreja e na vida do mundo.
Estes termos, segundo se diz, focalizam com exclusividade este tempo
futuro. Vejamos:
a. "E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu
Espírito derramarei sobre toda a carne..." (Jl 2.28 e ss; At 2.17 e ss).
b. "Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos dias
apostatarão alguns da fé..." (l Tm 4.1a).
c. "Sabe, porém, isto: que nos unimos dias sobrevirão tempos
trabalhosos" (2 Tm 3.1).
d. "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas
maneiras, aos pais, pêlos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo
Filho" (Hb 1.1).
e. "Sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão
escarnecedores..." (2 Pd 3.3a), etc.
Portanto, a expressão "os
últimos dias" e seu equivalente apontam para: a descida do Espírito Santo
em sua plenitude (Jl 2.28; At 2.17 e ss); para a época do Evangelho de Cristo
(Hb 1.1) e, concomitantemente, para os últimos dias maus (l Tm 4.1; 2 Tm 3.1; 2
Pd 3.3).
A vinda de Jesus
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A vinda de Jesus
A vinda do Senhor Jesus tem
uma tríplice relação: à Igreja (para o arrebatamento), a Israel (para seu
preparo em receber o Messias sete anos depois) e, às Nações (para o Milênio). A
tríplice divisão natural é depreendida de l Tessalonicenses 4.16 que expressa o
significado do argumento quando diz:
"...o alarido" (à
Igreja);
"...a voz do arcanjo" (a Israel);
"...a trombeta de Deus" (às Nações).
a. Em relação à Igreja. Para com a Igreja, a descida do Senhor aos ares
para ressuscitar os que dormem e transformar os crentes vivos é apresentada
como constante expectação e esperança (l Co 15.51,52; Fl 3.20; l Ts 4.14-17; l
Tm 6.14; Tt 2.13; Ap 22.20).
b. Para Israel. Para o povo escolhido, a vinda do Senhor é predicada
para cumprir as profecias que dizem respeito ao seu ressurgimento nacional, a
sua conversão, e estabelecimento em paz e(2) poder sob o Pacto
Davídico (Am 9.11,12; At 15.14-17).
c. Para as Nações. No caso das Nações, a Volta do Senhor é predicada
para consumar a destruição do presente sistema político universal (Dn 2.44,45;
Ap 19.11 e ss). Sendo, porém, que os dois últimos acontecimentos relaciona-
dos com Israel e as Nações só
terão lugar sete anos depois do arrebatamento da Igreja por Jesus Cristo.
4. O desenvolvimento do argumento
A volta do Senhor, no que diz
respeito à sua primeira vinda (ou fase), se destinará apenas à sua Igreja, e é
chamada de "encontro" em l Tessalonicenses 4.17. A palavra
"arrebatamento" não se encontra, graficamente falando, nas passagens
que descrevem o momento do arrebatamento da Igreja, mas a ideia do termo está
na frase inserida. Isto é, no contexto que diz: "...seremos
arrebatados" (l Ts 4.17).
A presente expressão obedece à
seguinte sentença:
"tirar", "arrancar", "levar",
"afastar", "tirar por força ou por violência",
"impelir", "suprimir", "elidir", etc.C) Todas
estas expressões designam, fundamentalmente, o traslado de uma coisa de um lado
para outro ou de uma dimensão inferior para uma outra superior.
Encontramos em o Novo Testamento cinco termos técnicos na língua grega
que descrevem a manifestação de Cristo em suas duas fases futuras:
Arrebatamento e Parou-sia e cada uma delas exemplificadas com passagens bíblicas:
a. Optomai (aparecer). "Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez
para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos
que o esperam para salvação" (Hb 9.28).
b. Ercomai (vir). "E, se
eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim
mesmo, para que onde eu estiver estejai vós também" (Jo 14.3).
c. Epphanos (aparição).
"Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até a aparição
de nosso Senhor Jesus Cristo" (l Tm 6.14).
d. Apokalypsis (revelação,
desvendamento). "De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação
de nosso Senhor Jesus Cristo" (l Co 1.7).
e. Parousia (presença ou
vinda). "E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo
assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda" (2
Ts 2.8).
Aqui estudamos a ocasião da parousia de Cristo. (") Será no fim da
Grande Tribulação, e, efetivamente, terminará esse período de aflição.
O aparecimento do Rei será acompanhado de certos sinais que não deixarão
ninguém em dúvida sobre o que vai acontecer (Mt 24.29). Isto significa que a
volta do Senhor, portanto, terá efeitos opostos e resultados positivos (para
os santos) e negativos (para os incrédulos). Os efeitos serão sentidos sobre:
amigos (Mt 24.31) e inimigos (Mt 24.30); tristeza e alegria, gemidos e
adoração, medo e delícias.
Ele não virá como veio da primeira vez, em fraqueza (a fraqueza de Deus)
e humildade, mas na glória e poder (Ap 1.7; 19.11-21).
5. O encontro
"Em l Tessalonicenses
4.17, a palavra "arrebatamento" tem o mesmo sentido no grego que
"nosso encontro", em Atos 28.15 onde lemos: "...ouvindo os
irmãos novas de nós, nos saíram ao encontro à praça de Ápio e às três Vendas.
E Paulo vendo-os deu graças a Deus, e tomou ânimo".
A palavra "encontro", neste sentido, significa portanto
literalmente "sair" a fim de voltar com "alguém". Somente
duas passagens focalizam essas palavras com tal sentido, a saber: no trecho de
Génesis 24.63-67 e Mateus 25.1,6.
Na passagem de Génesis descreve-se o encontro de Rebeca com Isaque e na
passagem de Mateus ilustra o encontro da Igreja com Cristo.
a. Para Israel. A volta do Senhor no que diz respeito à sua segunda fase
(Parousia) se destinará especificamente a Israel, mas as Nações, de um certo
modo, estão envolvidas no acontecimento.
Prenunciando a volta do Senhor nos ares, Israel é representado na
figueira que brota. "Aprendei pois esta parábola da figueira: Quando já
os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o
verão" (Mt 24.32). As parábolas foram métodos de ensino muito usados por
Jesus. As parábolas são estórias que transmitem instrução, comunicando geralmente um ponto importante.C')
O ponto enfatizado na parábola da figueira contada por Jesus tem como
objetivo ensinar-nos a identificar um "período de tempo geral".
Quando as folhas da figueira começam a brotar, sabemos que o verão se
aproxima. Ainda hoje em Israel a natureza da figueira continua a mesma.
Tão-somente quando as árvores ali brotam, anunciam a vinda da primavera, assim
estes sinais (disse Jesus) anunciarão a Volta do Rei em glória.
b. A figueira nesta passagem e em outras do mesmo género é Israel (Lc
13.6-9). "A nação judaica é comparada a três árvores nas Escrituras
Sagradas:
À vinha (Is 5.1-7), este foi o conceito de Isaías e de outros profetas
do Antigo Testamento.
 oliveira (Rm 11.17 e ss), este foi o conceito de Paulo por amor de seu
argumento.
E à figueira (Mc 13.28), este foi o conceito de Jesus em relação a
Israel. Antigamente a nação era como uma "vinha frutífera", depois
uma "figueira estéril", e mais tarde na Vinda do grande Rei uma
"oliveira florescente".
O Senhor Jesus já no entardecer de seu ministério terreno exorta-nos a
observar os acontecimentos por virem na vida de Israel e depois acrescenta:
"Olhai para a figueira, e para todas as árvores" (Lc 21.29).(6)
Ora, a partir do ano 70 d. C., a figueira secou-se de acordo com as palavras
proféticas de Jesus (Lc 13.8,9), e durante quase dois mil anos que se seguiram,
a nação israelita se transformou profeticamente falando num "montão de
ossos secos" (cf. Ez 37.1,2,11). Esses "ossos" como diz o
profeta do Senhor, seriam espalhados na face de um grande vale (o mundo), e
ali seriam absorvidos pelas sepulturas (as nações). (Cf 37.12).
Mas apesar de tudo, a promessa de Deus é de restauração e, em 14 de
maio de 1948, a figueira começa então a "brotar", e as sepulturas (as
nações) devolvem a Israel não só seus filhos, mas também-sua Terra e, de lá
para cá, o grande progresso na vida deste povo são os brotos, preditos por nosso
Senhor quando falou sobre o futuro (Mt 24.33). c. Mas segundo os ensinos de
Jesus, não só a figueira (Israel) seria alvo das profecias, mas todas as
arvores haviam também de "brotar" Lc 21.29). As Escrituras são
proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Todas as nações que margeiam
Israel vêm, de uma maneira ou de outra, sentindo um certo progresso. Isto
prenuncia a Vinda do Senhor, que continua dizendo: "Não passará esta geração..."
6. A posição de Cristo
No plano mais amplo de Seu
ministério mediatorial, Cristo está agora assentado no Céu
"aguardando". O grego êkõêxouai transmite o significado de alguém
esperando o recebimento de alguma coisa vinda de outro. Isto mostra Cristo
agora na atitude de alguém que está esperando; encontra-se revelado em Hb
10.12,13. Ele está entronizado e pacientemente aguarda: o tempo certo e a ordem
do Pai. Mas enquanto isso não acontece, Ele está exercendo sua tríplice função:
Primeiro, como concessor de dons (Ef 4.7-16), e o dire-tor do seu
exercício (l Co 12.4-11), e conforme tipificado pêlos sacerdotes do Antigo
Testamento que consagravam os filhos de Levi (Êx 29.1-9), Cristo está
incessantemente ativo no Céu. Em relação a isto, todo o campo de serviço fica
adequadamente apresentado e a que deve ser notada está entre a atividade
universal tríplice do crente como sacerdote e o seu exercício diário.
Segundo, como intercessor, Cristo contínua o seu ministério no Céu, o
qual começou aqui na terra (Jo 17.1-26;
Rm 8.34). Este empreendimento estende-se ao seu cuidado pastoral
daqueles que Ele salvou. Ele vive para sempre para fazer intercessão por eles,
e por causa disto Ele pode salvá-los quando se aproximam de Deus através dele
(Hb 7.25).
Ele não ora pelo mundo, ora, porém, por aqueles que o Pai lhe deu (Jo
17.9). A intercessão de Cristo relaciona-se com a fraqueza, imaturidade e
limitações daqueles por quem Ele ora. Sua intercessão garante nossa segurança
para sempre (Lc 22.31,32).
Terceiro, como advogado, e como aquele que nos representa agora no Céu
(Hb 9.24), Cristo lida com o pecado atual do cristão. Ele é a propiciação pêlos
nossos pecados (l Jo 2.2). Quando acontece um pecado na sua vida, o cristão
tem um advogado junto ao Pai.
Um advogado é aquele que defende a causa de outra pessoa nos tribunais,
e há motivos abundantes para Cristo advogar em benefício daqueles que tão
constantemente necessitam de sua ajuda. (7)
7. O retorno de Cristo exemplificado
Encontramos no Antigo
Testamento, especialmente no livro de Levítico 23, o ritual de cada festa
estabelecida por Deus e observada pelo povo de Israel na Terra Santa. Cada
festa destas, de acordo com sua significação especial, aponta para um tempo
futuro.(8)
a. A Páscoa (Lv 23.4). A
primeira delas era a Páscoa do Senhor. Era celebrada "no mês primeiro, aos
14 dias do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor". Esta festa é
come-morável, e recorda a Redenção, feita por um grande Redentor. Em figura
ela significa "...Cristo, nossa páscoa..., sacrificado por nós" (l Co
5.7).
b. Os Asmos do Senhor (Lv 23.6). Esta era a segunda festa deste
calendário. Esta simboliza comunhão com Cristo, e pão sem fermento, na plena
bem-aventurança de sua redenção, e ensina um andar santo. A ordem divina aqui é
linda: primeiro, redenção, depois um viver santo (l Co 5.6-8 etc).
c. As Primícias (Lv 23.10). A festa das primícias era uma figura da
ressurreição, primeiro, Cristo, depois os que são de Cristo na sua vinda (l Co
15.23; l Ts 4.14-16 etc).
d. O Pentecoste (Lv 23.15-22). Esta festa, que é a quarta do calendário,
era chamada de "pentecoste". Segundo a interpretação dada pelo
doutor C.I. Scofield, ela simbolizava a descida do Espírito para a Igreja,
conforme aconteceu no Cenáculo em que os discípulos oravam no dia de Pentecoste
(At 2.1 e ss). "Desde seu início até o fim, esta festa é o antítipo da
descida do Espírito Santo para formar a Igreja do Senhor. Por isso o fermento
está presente (Lv 23.17), porque infelizmente, mesmo em contrário à vontade
divina, o mal existe na Igreja (Mt 13.33; At 5.1 e ss; Ap 2.1 e ss).
Notemos que agora fala-se de pães, e não de um "molho"
(feixe) de espigas soltas. Importa numa verdadeira união de partículas,
formando um "corpo homogéneo". A descida do Espírito Santo no
Pentecoste uniu os discípulos em um só organismo (l Co 10.16,17; 12.13,20).
Os pães movidos eram oferecidos "cinquenta dias depois que se
tinha oferecido o molho da oferta movida" (Lv 23.15). Isto é precisamente
o período entre a ressurreição de Cristo e a formação da Igreja no Pentecoste,
pelo batis-mo no Espírito Santo (At 2.1-4), com o "molho" não havia
fermento, porque em Cristo não existe mal.
e. A das Trombetas (Lv 23.23-25). A quinta festa era chamada a
"...das trombetas". Chegamos aqui, ao tempo do fim, porque esta festa
tem um valor completamente profético e se refere à futura restauração no
sentido total da nação israelita. Note que existe um longo período entre
o Pentecoste e a festa das Trombetas, correspondendo ao período entre o
Pentecoste e a introdução do Milénio. Este período, segundo se depreende,
corresponde ao longo período do trabalho pentecostal do Espírito Santo sobre a
Igreja aqui na terra, na atual dispensação (cf. Is 18.3; 27.13; 58.1 e ss; Jl 2.1 e ss;
3.21 etc).
Devemos observar que, em relação à festa das Trombetas, algo especial a
acompanha, que é um testemunho referente ao ajuntamento e arrependimento de
Israel depois de terminar o período pentecostal, que é o da Igreja. Esta festa
é seguida imediatamente pelo dia da Expiação. Simbolicamente falando, a
festa das Trombetas fala do ajuntamento de Israel; profeticamente, porém, fala
do arrebatamento da Igreja ("...A Grande Colheita"), e logo a
seguir, vem a penúltima festa.
f. A festa da Expiação (Lv 23.26-32). Segundo os rabinos, o dia da
Expiação é o mesmo descrito em Levítico 16.29-34, mas aqui a ênfase está sobre
a tristeza e arrependimento de Israel. Em outras palavras, seu valor profético
é saliente, e isto antecipa o arrependimento de Israel, depois do seu
julgamento, quando de Siâo vier o Libertador, e expiar a iniquidade de seu povo
(Is 9.14; Rm 11.26).
g. A festa dos Tabernáculos (Lv 23.34 e ss). A festa dos Tabernáculos
simboliza o estabelecimento do reino mile nial de Cristo com poder e grande
glória. "A festa era tanto memorial como profética, memorial porque
lembrava o tempo de peregrinação no Egito (Lv 23.43); e profética pelo descanso
milenar de Israel depois da restauração, quando a festa dos Tabernáculos virá a
ser outra vez um memorial; e, desta vez, não será só para Israel mas para todas
as nações durante o Reino Milenar de Cristo (Ez cap. 40 a 48; Zc 14.16-21).
Esta festa era memorial para Israel como a Santa Ceia do Senhor é para sua
Igreja: "Fazei isto em memória de mim".(9)
8. Para os primeiros cristãos
Para os cristãos da Igreja
Primitiva a maior e mais sublime expectação era o retorno de Cristo para seus
Santos. Eles não se conformavam ausentes da "presença do Senhor" e
ardentemente almejavam por ela. Paulo, por exemplo, conserva em si uma
expectação imediata da presença de Cristo em sua vida. Ouça o que Paulo diz:
"Mas, se o viver na carne (no corpo) me der fruto da minha obra, não sei
então o que deva escolher. - Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo
desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito
melhor" (Fl 1.22,23).
Nesta sua expectativa, Paulo
deseja estar com Cristo de qualquer maneira: tanto "partir" como
esperar na "carne" o retorno de Cristo. Esse deve ser, portanto, o
sentido de "viver na carne" para Paulo (Fl 1.22). E, evidentemente,
ele é inspirado a fazer esta oração aramaiquizada, que é: "MARANATA!"
(l Co 16.22). Tal locução proverbial, como produto da cristologia do Filho de
Deus na comunidade primitiva, encontra seu correspondente em Apocalipse
22.20: "Amém. Vem, Senhor Jesus!" No mais, a expectativa imediata do
retorno de Cristo para os seus santos está ancorada numa palavra falada por
Jesus e escrita por Paulo, em l Tessalonicenses 4.15: "Dizemo-vos, pois,
isto, pela palavra do Senhor: que nós (ele atualíza), os que ficarmos vivos
para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem". E na seção
seguinte ele exclama: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus..."
Na passagem de Romanos 16.20, encontramos a ardente expectação de Paulo
pelo retorno de Cristo, quando diz: "E o Deus de paz esmagará em breve
Satanás debaixo dos vossos pés..." Esta ansiedade de Paulo e dos demais
cristãos no primeiro século vem à tona em vários elementos doutrinários, tais
como:
a. Em l Coríntios 7.29, lemos: "Isto, porém, vos digo, irmãos, que
o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam
como se as não tivessem".
b. Em l Coríntios 10.11, Paulo diz: "Ora tudo isto lhes sobreveio
como figuras, e estas estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados
os fins dos séculos". Em outras formulações referentes à expectativa
imediata dos escritores do Novo Testamento quanto ao retorno de Cristo, são os
verbos e advérbios que deixam bem claro a urgência para tal acontecimento!
Veja:
1) "E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos
do sono; porque a nossa salvação (plena redenção do corpo) está agora
mais perto de nós do que quando aceitamos a fé" (Rm 13.11).
2) "Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está
o Senhor!" (Fl 4.5).
3) "Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações;
porque já a vinda do Senhor está próxima" (Tg 5.8).
4) "O Senhor não retarda a sua promessa (da sua vinda), ainda que
alguns a têm por tardia..." (2 Pd 3.9a, etc).
9. O conceito erróneo
Para muitos a segunda vinda de
Cristo a este mundo é apenas um processo de acontecimentos. Para outros, porém,
isso significa um estado de morte. Mas, segundo se depreende, não é uma coisa
nem outra. Razão porque a morte é a penalidade imposta pelo pecado, mas o
retorno de Cristo livra do pecado e da penalidade (Rm 6.23). "Os
pensamentos e as experiências relativas à morte são dolorosos; os pensamentos
relativos à vinda de Cristo nos são muito caros (Jo 11.31; Tt 2.13).
No primeiro caso, olhamos para baixo e choramos; no segundo, para cima e
nos regozijamos (Jo 11.35; Fl 2.16).
No primeiro caso (a morte), o corpo é semeado em corrupção e desonra;
no segundo caso será ressuscitado em in-corrupção e glória (l Co 15.42,43; l Ts
4.16,17). No primeiro caso, somos despidos; no outro, revestidos (2 Co 5.4). No
primeiro caso, há triste separação entre amigos; no outro, alegre reunião (Ez
24.16; l Ts 4.16 e ss). Na morte entramos no descanso, mas na vinda de Cristo
seremos coroados (l Ts 4.13; Ap 14.13).
A morte vem como nosso grande inimigo; Cristo, como nosso grande amigo
(Pv 14.27; l Co 15.26). A morte é o rei dos terrores (Jó 18.14); Cristo é o Rei
da glória (SI 24.7). Satanás tem o poder da morte; Cristo é o príncipe da vida
(At 3.15; Hb 2.14). Por ocasião da morte partimos para estar com Cristo; por
ocasião da sua vinda Ele virá até nós (Jo 14.3; Fl 1.23). Jesus faz distinção
entre a sua vinda e a morte do crente. Cristo e os apóstolos nunca ordenaram
aos santos que aguardassem a morte, mas, repetidamente, exortaram-nos a esperar
a vinda do Senhor (l Co 15.51,52).
a. A "Nova Teologia" ensina que Jesus Cristo nunca voltará a
este mundo em forma literal para os seus santos:
que Cristo está retornando tão rapidamente quanto lhe é possível entrar
neste mundo; que Ele veio no Pentecoste, na presença do Espírito Santo; que Ele
veio por ocasião da destruição de Jerusalém, no julgamento contra aquela cidade,
e que Ele vem por ocasião da morte das pessoas, como já falamos acima.
Com efeito, a vinda de Cristo não deve ser identificada com a
destruição de Jerusalém, em 70 d.C., conforme a interpretação de alguns. O
julgamento de Deus contra Jerusalém não é o acontecimento referido na maioria
das passagens em que a segunda vinda de Cristo é mencionada. Isto, por vários
motivos:
Primeiro, por ocasião da destruição de Jerusalém, aqueles que dormiam em
Jesus não foram ressuscitados.
Segundo, os crentes vivos não foram arrebatados ao encontro do Senhor
nos ares, nem seus corpos foram transformados.
Terceiro, anos depois dessa ocorrência, encontramos João ainda
aguardando a vinda do Senhor (Ap 22.20).
Quarto, segundo os ensinamentos dos profetas, dos apóstolos e do próprio
Senhor, um reino de justiça e paz deve seguir-se imediatamente à volta de
Cristo. Isso, todavia, não ocorreu, nem por ocasião nem depois da destruição
de Jerusalém. Portanto, ela ainda está por vir!
b. Outro ponto de vista da "Nova Teologia" é que Cristo veio
na pessoa do Espírito Santo. Em sentido muito real e importante, de fato, a
vinda-do Espírito Santo foi uma vinda de Cristo para os seus (Jo
14.15-18,21-23). Essa, porém, não foi a vinda de Cristo referida nas passagens
que afirmam que Ele voltará.
Evidentemente, sua vinda é claramente estabelecida e distinta pelo
testemunho conjunto dos profetas, de João Batista, dos anjos, dos apóstolos, e
do próprio Cristo! Dele, disseram os anjos: "Esse Jesus, que dentre vós
foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir"
(At l.llb).
10. O tempo de Deus
As Escrituras deixam bem claro
que, do ponto de vista divino, Deus jamais se atrasa. Se parece haver demora no
retorno de Cristo, é porque devem existir boas e convenientes razões para
isso. É verdade que são já decorridos mais de 1900 anos da época em que a
promessa do arrebatamento foi feita pela própria boca do Senhor (Jo 14.3).
Entretanto, os membros da Igreja Primitiva em Tes-salônica creram que
Cristo viria enquanto estivessem vivos e foram consolados pela expectativa de
se reunirem aos seus entes queridos já falecidos. Isso porém, não contradiz,
nem enfraquece a promessa de Cristo para seus santos, pois, todos aqueles
santos sabiam que Cristo, como Deus, tem a eternidade na sua mão e pode ligar o
hoje do tempo, como se fosse o amanhã da eternidade (2 Pd 3.8,9).
O mundo tem passado de uma crise a outra, mesmo quando parecia oportuno
para o regresso de Cristo. Mas o significativo acontecimento não ocorreu.
a.A razão divina. Por que Cristo ainda não cumpriu sua promessa
de vir e receber seu povo para levá-lo consigo? Do ponto de vista da profecia
bíblica, tal demora não é inesperada. Há, portanto, razão para tal. Quando
Cristo veio pela primeira vez, era um episódio que havia sido previsto há
milhares de anos. Séculos de história haviam preparado o cenário para a
primeira vinda de Cristo à Terra.
A língua grega se desenvolvera e era de uso comum em todo o mundo
ocidental. Isso preparou o caminho para que o Novo Testamento fosse escrito em
um idioma preciso e amplamente utilizado.
Paulo afirma que, quando tudo,
porém, estava pronto:
"...Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei" (Gl 4.4b).
O Império Romano conseguira estabelecer relativa paz no Oriente Médio. A
vida e culto judaicos na Palestina estavam prontos para a vinda do Messias.
Apareceu João Batista para anunciar a vinda do Rei e conclamar a nação ao
arrependimento (Mt 3). A Paz Romana havia franqueado o comércio internacional
e as comunicações, possibilitando que os cristãos do Século I propagassem a
mensagem do Evangelho pelo Império Romano inteiro e finalmente por todo o
mundo. As profecias sobre a primeira vinda de Cristo foram cumpridas num dia
cuidadosamente preparado por um Deus soberano. Ele estava "velando"
sobre este tempo (Jr 1.12). Assim também, as profecias concernentes ao retorno
de Cristo para buscar os crentes e a sua segunda vinda (Parousia) à terra serão
cumpridas dessa forma, num perfeito sincronismo de Deus.
b. A demora. Do ponto de vista humano pode parecer que Cristo
esteja retardando sua vinda. Mas em épocas passadas, o cumprimento das
profecias bíblicas foi sempre precedido por séculos de história que
transformaram os acontecimentos com suprema precisão, a fim de permitir que os
fatos preditos ocorressem conforme a promessa, perfeitos até os últimos
detalhes. Todavia, há também uma razão pessoal e afetuosa para justificar por
que Cristo ainda não voltou.
Veja o que escreve o apóstolo
Pedro em sua segunda Carta (3.8,9): "Mas, amados, não ignoreis uma coisa:
que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não
retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo
para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a
arrepender-se."
Eis aí, portanto, a demora do retorno de Cristo para encontrar-se com os
seus santos provém de um coração amoroso. Um Deus compassivo ainda está
esperando que muitos ouçam o Evangelho e atendam à mensagem crendo!
11. Sua Parousia também será
necessária
Não só a vinda de Cristo (para
seus santos) será necessária, mas também seu retorno com poder e grande glória
(sete anos depois), também já era esperado pêlos primitivos cristãos. Pois,
segundo o conceito dos profetas e dos apóstolos, isso significaria a
implantação de seu governo na terra por mil anos, conforme era esperado.
"Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo
de seus pés" (l Co 15.25).
E não somente isto, mas também pelo fato de que a segunda vinda de
Cristo traria aos judeus a solução de todos os seus problemas e o
estabelecimento de seu futuro governo sob o Pacto Davídico. Seu aparecimento
trará fim também à grande guerra do Armagedom e à onda de destruição que
estará a ponto de aniquilar a terra.
Seu retorno em glória será necessário para o encerramento dos
"tempos dos gentios" (Lc 21.24). Esta expressão, "tempos dos
gentios" ou seu equivalente, tem na Bíblia duas aplicações:
a. Na primeira, refere-se "à oportunidade" que Deus
concedeu a eles para salvação. Paulo comenta isso em Romanos 11 e Efésios 2.
Paulo fala deles no seguinte tema:
"...naquele tempo estáveis sem Cristo" (Ef2.12). Refere-se ao
tempo passado, antes de Cristo ter vindo ao mundo.
Conforme este conceito, os gentios estavam sem a "promessa
messiânica", isto é, sem as vantagens do Pacto com Israel, o que é
mencionado e comentado em Romanos 9.4,5.
"Chamados incircuncisão"
(Ef 2.11); sim, os judeus chamavam os gentios de "incircuncisão", por
desprezo. Em sentido geral, os gentios estavam sem a redenção que nos vem por
intermédio de Cristo inteiramente à parte de qualquer ideia de redenção mediada
pelas promessas judaicas.
"...Mas agora" (Ef 2.13a). Diz Paulo: "...em Cristo
Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo
chegastes perto".
Portanto, "os tempos dos gentios" nesta primeira seção,
referem-se a "um tempo para salvação" (Jo 1.12).
b. Na segunda, o termo refere-se "ao domínio gentílico"
que, como sabemos, começou com Nabucodonosor e se estenderá até o Armagedom (Dn
2.44,45; Ap 19.19-21). Durante este período as nações gentílicas têm ditado o
destino de Jerusalém e oprimido o povo de Israel. Nosso Senhor predisse isso,
em Lucas 21.24: "...E Jerusalém será pisada pêlos gentios, até
(esse "até" vai até o Armagedom) que os tempos dos gentios se
completem".
Temos aqui uma elaboração editorial, preparada por Lucas, conforme
Cristo predisse sobre os eventos que sobreviriam à cidade de Jerusalém e ao
povo judeu, quando de sua destruição. A passagem, de maneira geral, refle-te
tanto um conhecimento histórico como profético daqueles acontecimentos; e isto
mostra que do ano 70 d.C., até a presente era, de fato, Jerusalém tem sido
pisada por esta gente.
"Tempos dos gentios", como já tivemos ocasião de ver, é
primeiramente usado para indicar o tempo durante o qual os gentios terão a
oportunidade de se arrependerem e de acharem a salvação. "...Deus visitou
os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome" (At 15.14b). Este
tempo começou com a morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo e
terminará em plenitude com o arrebatamento da Igreja.
Porém, como já falamos, no sentido de domínio, refere-se ao tempo que
Deus estabeleceu para castigar Israel como nação, o que terá características
daqueles tempos (Dn 8.13,14; .12.7,11,12 etc).
Nas palavras de Jesus em Lucas 23.28,29, podemos deduzir o que isto
significa. Isto é, o que queria dizer "Jerusalém" ser pisada pêlos
gentios. Ouça: "Porém Jesus, voltando-se para elas, disse: Filhas de
Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas, e por vossos fi
lhos. Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis,
e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!" Esta
passagem trata-se de uma declaração profética a respeito da destruição da cidade
de Jerusalém, pelo poderio gentílico, o que teve cumprimento no ano 70 d. C.
A descrição foi tão horrorosa
porque a maternidade, naqueles dias, tomou-se uma verdadeira maldição, e não
uma bênção, segundo usualmente considerada.
As mães foram forçadas a ver
os seus filhos inocentes serem brutalmente assassinados, ou mortos por
inaniçâo. (Ver notas expositivas sobre isso, "A fuga predita".) Lemos
nos escritos de Josefo que certas mulheres, por causa da fome causada pela
muralha com que Flávio Títo Vespa-siano cercou a cidade, chegaram a comer os
seus próprios filhos, e até mesmo soldados tão endurecidos como os militares
romanos sentiam asco de ver a cena de corpos infantis meio comidos ou meio
cozinhados. Acrescenta-se a isso o fato de que a mãe com seus filhos seria
impedida de fugir da cidade. Portanto, isso significa, domínio cruel dos gentios,
até que seu tempo termine. O que só acontecerá com o retorno de Cristo. As
profecias, tanto do Antigo como do Novo Testamento, indicam que no retorno de
Cristo à Terra com poder e grande glória, Jesus será visto fisicamente na
Palestina (Ap 1.7).
O mesmo Jesus Cristo que nasceu
de uma virgem, que morreu na cruz, que ressuscitou e subiu ao Céu, brevemente
voltará: primeiro para os seus santos (o arrebatamento) e segundo, com os seus
santos (sua Parousia). Ele voltará em pessoa à esfera terrestre para exercer
seu governo sobre o mundo. Está perfeitamente claro que este regresso de nosso
Senhor será literal e não somente sua presença espiritual como tem sido
afirmado por alguns estudiosos da Bíblia. 12.
Seu retorno em glória
Esta descrição aqui do arrebatamento
e Parousia de Cristo faz-se necessária para que o estudioso das profecias
tenha maior clareza na cronologia profética.
Os acontecimentos que se seguirão em sua vinda pessoal a este mundo são
mais ou menos estes: a. O regresso de Cristo será um regresso visível e
glorioso. De acordo com as Escrituras, todos verão Jesus (Mt 24.30; 26.64; Ap
1.7). Seu primeiro toque a este mundo será no monte das Oliveiras como
está descrito pelo profeta Zacarias 14.4: "E naquele dia estarão os seus
pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém, para o
oriente..." Durante esse período, a marcha do cortejo e a rotação contínua
da terra permitirão que o mundo inteiro presencie o acontecimento. O destino
final do cortejo será o centro do Oriente Médio, ao encaminhar-se para o aniquilamento
dos exércitos reunidos para a batalha do Ar-magedom e para a chegada definitiva
de Cristo ao Monte Sião (SI 2).
b. Segundo as
Escrituras, Cristo será acompanhado, em sua segunda vinda, por um imenso corpo
de hostes celestiais, descrito como os exércitos do céu (Jd v 14; Ap 19.14).
Os crentes que foram arrebatados antes da Tribulação, bem como aqueles que
estiverem no Céu com o Senhor conforme a promessa dele em João 14.1-4,
retornarão à Terra como parte desse vasto acompanhamento. Também os anjos se
juntarão a Cristo nesse grande cortejo do Céu à Terra (Mt 25.31, etc).
c. O Salmo 2 descreve o
retorno de Cristo do Céu à Terra e seguindo em direção do monte Sião.
"Sião" é mencionada por 110 vezes na Bíblia. 90 delas são em termos
do grande amor e afeição do Senhor por ela, de modo que o lugar tem grande
significação. Para mostrar a majestosa soberania de Deus na história da
humanidade, o Salmo 2, já citado nesta seção, fornece uma descrição da situação
mundial na época da segunda vinda de Cristo: "Porque se amotinam as
gentes, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os
príncipes juntos se mancomunam contra o Senhor (Deus) e contra o seu Ungido
(Cristo)...", (w 1,2). Mas, esta rebelião das nações provocará no Senhor um
riso de desprezo. "Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará
deles" (v 4).
Portanto, Deus prometeu enviar seu Filho no tempo determinado para
destruir as forças do mal e depois reinar sobre a terra. Seu governo, como
teremos ocasião de ver no capítulo que trata do Milénio, será um governo
absoluto de paz e justiça jamais visto neste mundo!
Por: PR. Severino Pedro /
Divulgação: Subsídios EBD
Bibliografia
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