Durante as duas primeiras
viagens missionárias, Paulo fundou igrejas na Galácia, um distrito na Ásia
Menor Central. Depois disso, alguns falsos mestres de Jerusalém foram até estas
igrejas ensinando que a observância da Lei deveria ser acrescentada à fé para a
salvação e santificação. A mensagem deles era uma mistura de cristianismo e judaísmo,
de graça e Lei. Eles também negaram que Paulo era um apóstolo genuíno.
I. PROPÓSITO
DOS GÁLATAS
Era com a intenção de
refutar estes erros que Paulo escreveu esta carta um tanto acalorada. Nela, ele
defende sua mensagem e ministério e estabelece a grande verdade do Evangelho
como sendo pela graça, através da fé em Cristo somente e não pela observância da
Lei. Ele explica o propósito da Lei e então aponta a insensatez de cristãos que
desejam estar debaixo dela. Eles deveriam evitar os perigos do legalismo e viver
na verdadeira liberdade e piedade cristã.
II. DATA
DOS GÁLATAS
A carta deve ter sido
escrita por volta do ano de 49 d.C., antes do Concílio de Jerusalém (Atos 15).
Se isto estiver correto, a carta aos Gálatas é até mais antiga do que 1
Tessalonicenses. Entretanto, alguns estudiosos preferem uma data posterior
(algo em torno de 52-58 d.C.).
1.
O PROPÓSITO DE PAULO AO ESCREVER (CAP. 1.1-10)
a)
Saudação (1.1-5)
Paulo insiste, no início de
sua carta, que seu apostolado não vinha dos homens ou mesmo de qualquer homem, mas
diretamente de Jesus Cristo e de Deus o Pai. Nos primeiros versículos, ele
introduz a morte vicária e a ressurreição corporal de Cristo, para enfatizar o
fundamento de nossa salvação.
b)
Somente um Evangelho (1.6-10)
O apóstolo Paulo fica
admirado que os gálatas haviam absorvido tão rapidamente um evangelho
pervertido e relembra que a maldição de Deus repousa sobre todo aquele que
prega qualquer “evangelho” diferente do Evangelho da Graça de Deus.
2.
PAULO DEFENDE SEU MINISTÉRIO (CAP. 1.11-2.10)
a)
A conversão e o chamado de Paulo (1.11-24)
Uma breve conversão e uma história
de pós-conversão mostra que o Evangelho que Paulo pregava veio de uma revelação
direta do Senhor e não através dos outros apóstolos (embora fosse o mesmo
Evangelho que eles pregavam). Ele relata o seu zelo pelo judaísmo, sua
conversão a Jesus como o Messias na estrada de Damasco, seu tempo na Arábia e
seu retorno a Damasco. Somente após três anos é que ele foi para Jerusalém e
isso para uma visita de apenas 15 dias, com Pedro. De lá, foi para a Síria e
Cilícia, sendo pessoalmente desconhecido às igrejas na Judéia.
b)
O triunfo da graça em Jerusalém (2.1-10)
Quatorze anos depois, Paulo
e Barnabé levaram um crente gentio, chamado Tito de Antioquia, para Jerusalém
para um teste. Judaizantes haviam vindo para a Antioquia, insistindo que a
circuncisão, “como um símbolo da observância da Lei”, era necessária para a
salvação.
Os líderes em Jerusalém
concordaram com Paulo e Barnabé que a circuncisão não era parte do Evangelho em
nenhuma hipótese. O verdadeiro Evangelho era salvação pela graça através da fé
para judeus e gentios da mesma forma e completamente separado da observância da
Lei.
3.
A REPREENSÃO DE PAULO A PEDRO (CAP. 2.11-21)
Mais tarde, quando Pedro
veio a Antioquia, ele comeu com os crentes gentios em regozijo completo de sua liberdade
cristã. Mas quando alguns homens vieram de Jerusalém, da parte de Tiago, Pedro
então parou de ter comunhão com os crentes gentios, temendo que as notícias de
seu comportamento chegariam até Jerusalém. Até Barnabé juntou-se a Pedro nessa
hipocrisia.
Paulo viu que isto era um
ataque à verdade do Evangelho. Isto demonstrava que os crentes gentios de
alguma forma eram imperfeitos em sua posição perante Deus. Então Paulo
repreendeu publicamente a Pedro, acusando-o de inconsistência ao professar que
cria na justificação pela fé somente, no entanto, agindo como se as obras da
Lei fossem também necessárias. Pedro estava se colocando de volta sob a Lei da
qual ele havia sido liberto pela morte de Cristo.
Paulo destacou que, se a
justiça pudesse vir da Lei, então a obra de Cristo não foi suficiente. Aparentemente
Pedro aceitou a repreensão de bom grado porque depois ele fala de Paulo como
“nosso amado irmão” (2 Pe 3.15).
4.
A GRANDE VERDADE DO EVANGELHO (CAP. 3.1-18)
a)
Justificação é pela fé (3.1-5)
Paulo agora apresenta três
provas de que a salvação ocorre pela fé e não pela guarda da Lei. Primeiramente
é a experiência dos próprios gálatas. Eles haviam recebido o Espírito no
momento de seu novo nascimento através da fé e não pelas obras. Eles não
poderiam ser salvos pelas obras e eles certamente não poderiam ser santificados
por elas também!
b)
O Antigo Testamento e a fé (3.6-14)
A segunda prova é o
testemunho das Escrituras do Antigo Testamento. Abraão foi justificado pela fé
e não pela Lei (Gn 15.6). Ao invés de salvar os homens, a Lei amaldiçoa a todos
quantos não a obedecem completa e continuamente (Dt 27.26). Habacuque 2.4 ensina
distintamente que a Lei exige “fazer” e não “crer”. Aplicando Deuteronômio
21.23 a Cristo, Paulo mostra que, por se tornar amaldiçoado por nós, o Senhor
nos redimiu da maldição da Lei.
c)
A promessa inalterável (3.15-18)
A terceira prova está
baseada na inviolabilidade de acordos meramente humanos. O argumento é este: em
Gênesis 22.18, Deus fez uma promessa incondicional de abençoar todas as nações
através de Cristo. A Lei que veio quatrocentos e trinta anos depois, não pode
alterar este pacto mais do que uma vontade pode ser alterada após assinada e
selada. A promessa de Deus não foi baseada na Lei; foi uma aliança de graça para
ser recebida pela fé.
5.
O PROPÓSITO DA LEI (3.19-29)
O propósito da Lei era
revelar o pecado em seu real caráter como transgressão. Foi um pacto
condicional entre duas partes e por isso exigia-se um mediador. Foi
intencionada para ser um tutor temporário até Cristo surgir.
Agora, com a fé cristã, os
crentes não estão sob um tutor, mas são tratados como filhos crescidos na
família de Deus. Em Cristo são abolidas todas as distinções de raças, status
social ou sexo do homem em relação à sua posição diante de Deus.
6.
FILHOS E FILIAÇÃO (CAP. 4.1-16)
a)
Herdeiros de Deus (4.1-7)
Os israelitas sob a Lei eram
como crianças pequenas, cercados por guardas e chefes como se fossem escravos.
Sob a graça, os crentes são tratados como filhos adultos com todos os
privilégios e responsabilidades da filiação.
b)
Escravidão e miséria não são para os crentes (4.8-11)
É loucura para os cristãos desejarem
voltar à Lei novamente porque é um sistema de escravidão. Paulo expressa
preocupação com aqueles que estavam desejando deixar Cristo por causa de cerimônias
religiosas.
c)
Amor perdido através do legalismo (4.12-16)
Quando o apóstolo veio primeiramente
até os gálatas eles o receberam como um anjo ou até como o próprio Jesus
Cristo, mas a atitude deles mudou depois que os falsos mestres e legalistas
chegaram.
7.
ESCRAVIDÃO E LIBERDADE (CAP. 4.17-31)
a)
A perplexidade sobre seus novos convertidos (4.17-20)
Estes judaizantes eram
zelosos ao tentar afastar os crentes de Paulo e a resposta dos gálatas
deixaram-no perplexo.
b)
Lei e graça não se misturam (4.21-31)
Paulo agora retorna a um
capítulo da história doméstica de Abraão que mostra que o legalismo é
escravidão e que ele não pode se misturar com a graça. Sara e Isaque
representam graça, enquanto Agar e Ismael representam a Lei. Assim como Agar
era uma jovem escrava, assim a Lei produz escravidão.
Assim como Ismael perseguiu
Isaque, assim a Lei persegue a graça. Assim como Sara e Agar não poderiam viver
sob o mesmo teto, da mesma forma graça e Lei não podem se misturar.
Assim como Ismael não poderia
herdar, da mesma forma aqueles debaixo da Lei nunca podem herdar a grande
salvação de Deus.
8.
O PERIGO DO LEGALISMO (CAP. 5.1-15)
a)
A guarda da Lei sufoca a liberdade (5.1-5)
Os crentes devem permanecer
na liberdade na qual Cristo os tornou livres e não se colocarem sob a Lei. É totalmente
pecaminoso para eles voltar à Lei de alguma forma. O legalismo é um jugo da escravidão.
Tira todo o valor de Cristo. Exige-se a impossível tarefa de guardar toda a
Lei. Significa o abandono de Cristo como a única esperança de justiça.
b)
O influência maligno do legalismo (5.6-12)
O legalismo não tem nenhuma utilidade.
É desobediência à verdade. Não é um ensinamento divino. Ele gera mais e mais
maldade. Traz julgamento para aqueles que o ensinam. Elimina o sacrifício da
cruz. Paulo deseja que os judaizantes se afastem dos gálatas (ou até mesmo que
se mutilassem!).
c)
A liberdade cristã positiva (5.13-15)
A liberdade cristã é livre
para servir e não para pecar; para amar um ao outro e não para criticar e
brigar.
9.
PODER PARA UM VIVER PIEDOSO (CAP. 5.16-26)
O Espírito Santo é o poder
do crente para um viver piedoso. Se andarmos no Espírito, não satisfaremos os
desejos da carne. A carne e o Espírito estão em um conflito incessante, mas o
Espírito nos dá o poder para superá-la. Aqueles que praticam as obras da carne
não vão herdar o reino.
Aqueles que crucificaram a
carne, isto é, crentes verdadeiros, manifestam o fruto do Espírito. Já que
nascemos do Espírito, devemos andar no Espírito, evitando a competitividade invejosa
dos legalistas.
10.
EXORTAÇÕES PRÁTICAS (CAP. 6.1-10)
Crentes maduros devem
restaurar aqueles que caíram, suportar os problemas uns dos outros, suportar aqueles
que ensinam a Palavra e fazer o bem a todos, especialmente àqueles da comunhão
cristã.
11.
CONCLUSÃO (CAP. 6.11-18)
a)
A glorificação dos legalistas (6.11-13)
O objetivo dos falsos
mestres era de ostentarem-se tendo muitos seguidores. É fácil conseguir isso fazendo
as pessoas pensar que podem alcançar o favor de Deus por suas obras – neste
caso, pela circuncisão.
b)
A glorificação do apóstolo (6.14-17)
O terreno para a
glorificação de Paulo não estava na carne de homens, mas na cruz de Cristo
(14). Não é a circuncisão que conta – ou falta de circuncisão – mas a evidência
da nova criação. Paz e misericórdia são a porção daqueles que andam de acordo
com esta regra da nova criação. Paulo tinha as marcas de propriedade do Senhor
Jesus no seu corpo – as cicatrizes que foram afligidas pelos perseguidores.
b)
Bênção e graça (6.18)
Gálatas encerra com a bênção
da graça – a palavra que tanto caracteriza o Evangelho de Paulo. Significa tudo
por nada, para aqueles que nada merecem, a não ser a condenação.
Fonte: COMENTÁRIO BÁSICO DO NOVO TESTAMENTO
Autor: WILLIAM MACDONALD
Tradutor: Edison Henrique Pesch
Editora: Actual Edições
Ano: 2015
Reverberação: †Subsídios EBD
Site: www.sub-ebd.blogspot.com
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