“Mas
existe uma diferença entre o pecado de Adão e o presente que Deus nos dá. De
fato, muito morreram por causa do pecado de um só homem; mas a graça de Deus é
muito maior, e ele dá a salvação gratuitamente a muitos, por meio da graça de
um homem, que é Jesus Cristo (Rm 5.15)”.
TEXTO BÍBLICO
LEITURA DEVOCIONAL
SEG........................................................2Tm
1.8,9
TER.........................................................Rm
11.6
QUA........................................................Sl
86.15
QUI.........................................................Êx
33.19
SEX.........................................................Rm
6.23 SÁB........................................................Rm 4.4,5
DOM.......................................................Ef
2.8-10
ESTUDANDO
A BÍBLIA
Leia também:
Não há nada melhor do que olhar para a
história e ver a operação e a generosidade da graça de Deus; além de você, ela
alcançou e resgatou pessoas como Maria Madalena, Saulo de Tarso, C. S. Lewis,
John Stott, Charles Colson, Gunnar e Frída Vingren, Daniel e Sara Berg.
A
maravilhosa graça não faz distinção de pessoas. Não há branco ou negro, forte
ou fraco, ateu ou crédulo, patrão ou empregado, culto ou ignorante, homem ou
mulher, judeu ou gentio, rico ou pobre. Para a graça de Deus o que existe são
seres humanos pecadores indesculpáveis, necessitados do amor e da misericórdia
de Deus a fim de serem salvos. Então, que tal falar sobre esse valioso presente
de Deus dado a nós, sua graça?
O QUE É A GRAÇA?
Certamente
você já cantou, ouviu pregações, recitou poemas, leu textos bíblicos, postou na
rede social, e talvez até falou sobre ela para algum amigo; mas ainda assim
persiste em sua mente uma intrigante e desconcertante pergunta: afinal de
contas, o que significa mesmo a palavra "graça"? Bem, é exatamente
sobre esse assunto que iremos conversar.
Entretanto,
para início de conversa, é preciso destacar que não podemos falar sobre a
"graça" sem tratar do "pecado", uma vez que
"graça" é o que Deus concede aos pecadores. Assim, somente uma
compreensão correta sobre o pecado nos dará o devido sentido do significado da
graça de Deus revelada em Jesus Cristo.
O
apóstolo Paulo foi enfático ao dizer que "todos pecaram e estão afastados
da presença gloriosa de Deus" (Rm 3.23); e radical ao afirmar que: "o
salário do pecado é a morte" (Rm 6.23). Não se engane, pois o pecado mata,
destrói e causa separação entre o ser humano e Deus. Logo, não precisa ser
inteligente para concluir, que ao invés de amigos, o pecado nos torna inimigos
de Deus. Ou seja, todos nós estávamos espiritualmente mortos por causa de nossa
desobediência e alienados em relação a Deus, ao próximo, à natureza e a nós
mesmos; condenados a sofrer o castigo eterno de Deus. Entretanto, Ele nos
mostrou o quanto nos ama enviando o seu filho Jesus Cristo para morrer pelos
nossos pecados na cruz, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Assim, a graça nos
foi revelada e trouxe salvação (Tt 2.11-14; Ef 2.8-10). Razão pela qual alguns
a definem corretamente não apenas como "favor imerecido" de Deus para
nós, mas também como "favor concedido" a pecadores que merecem a ira
de Deus.
A
graça deve ser entendida como algo que vai além de um simples conceito de valor
meramente intelectual; ela é uma experiência transformadora, uma presença que
comunica vida, é uma pessoa em ação: Jesus Cristo.
Como
dizia o pastor John Stott, graça "é Deus amando, Deus se humilhando em
favor de nós, Deus vindo nos resgatar, Deus se entregando generosamente em
Jesus Cristo e por intermédio dele".
AUXILIO TEOLÓGICO
A
natureza da Graça: Favor imerecido
A
graça, portanto, é um favor imerecido. Aquilo pelo qual trabalhamos é
considerado nossa conquista; mas aquilo pelo qual não trabalhamos, não é
considerado nossa conquista. Como a salvação vem até nós sem a necessidade de
qualquer tipo de obra da nossa parte, concluímos que não nos cabe qualquer
mérito nela: a salvação é dom gratuito de Deus' (Rm 6.23). A graça salvífica de
Deus é o favor imerecido que Ele faz por nós. Algumas pessoas têm contrastado a
graça e a misericórdia ao observar que a graça é dar aquilo que não se merece
(por exemplo, a salvação), ao passo que a misericórdia é não dar aquilo que se
merece (por exemplo, a condenação). Embora o uso bíblico destes termos não
esteja, necessariamente, de acordo com esta distinção, esta observação continua
sendo bíblica. Os atos da graça e da misericórdia de Deus representam dois lados
do seu amor incondicional por nós" (GEISLER. Norman. Teologia Sistemática:
Pecado, salvação, igreja, ultimas coisas. Rio de Janeiro:CPAD, 2010, p.158).
A
GRAÇA NO ANTIGO E EM O NOVO TESTAMENTO
Apesar
de o Antigo Testamento estar caracterizado pelo tempo da Lei, ou ao que os
estudiosos denominam de "dispensação da Lei", ao folhearmos as
páginas tanto do Antigo quanto do Novo Testamento veremos a graça de Deus se
manifestando na vida de pessoas, de famílias e de nações. Considerando a graça
como uma demonstração da misericórdia e do amor de Deus pelo ser humano pecador
que não merece o seu favor, fica evidente sua efetiva presença no Antigo
Testamento.
Afinal
de contas, Israel merecia ser escolhida como a nação da promessa, mesmo
demonstrando ingratidão, infidelidade e desobediência? O que dizer do
mentiroso, enganador e usurpador Jacó? Por acaso ele merecia ser perdoado? E
Elias? O profeta do fogo que após a vitória sobre os profetas de Baal e Aserá,
no Carmelo, foge e se esconde em uma caverna com medo de uma mulher. Você acha
que ele era digno da visitação de Deus para encorajá-lo? Que tal Moisés, o
homem que assassinou um egípcio? E o jovem Davi? E Gomer, a esposa infiel de
Oseias? Merecia mesmo ser resgatada tantas vezes?
Esses
e outros exemplos servem como prova de que o Deus misericordioso atua com graça
na vida e na história de pecadores para salvá-los (Ex 33.19; SI 86.15; 145.8;
Jr 31.2,3). Foi a graça que fez Deus escolher a Israel, a preservar Noé, a
perdoar Jacó, a visitar Elias, a convocar Moisés e a oferecer outra chance a
uma mulher adúltera.
Apesar
de tudo isso, não há como negar que o Novo Testamento, por intermédio da pessoa
de Jesus, apresenta a graça de Deus de uma forma mais clara e contundente. Ele
representa o que os estudiosos denominam de a "Dispensação da Graça".
O tempo divino onde o Filho de Deus morreu na Cruz do Calvário a fim de pagar e
perdoar os nossos pecados. Razão pela qual o próprio apóstolo Paulo diz que
"pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de
vocês, mas é um presente dado por Deus" (Ef 2.8).
AUXILIO TEOLÓGICO
Misericórdia
e Graça
Para
Paulo, a misericórdia (oiktirmos) e a graça (charis) refletem os aspectos
gémeos do caráter de Deus, e isso resolve o dilema da pecarninosidade da
humanidade e a justiça de Deus. Se Deus se caracterizasse apenas pela justiça,
todo o mundo seria condenado com razão (Rm 3.19,20). Paulo considera que o povo
de Israel é uma boa ilustração do dilema da humanidade. O povo, libertado da
escravidão no Egito, logo se volta da adoração a Deus para a idolatria [...].
No
entanto, quando Moisés intercede pelo povo, Deus apieda-se e diz a ele: 'Terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me
compadecer' (£x 33.19). Paulo aponta para esse versículo em uma declaração que
resume a solução do dilema da humanidade (Rm 9.15). A misericórdia de Deus, o
favor imerecido do Senhor para conosco, fornece o meio de libertação 'pela
redenção que há em Cristo Jesus' (Rm 3.24). Em última análise, para Paulo, a
salvação não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se
compadece (9.16).
A
graça e a misericórdia de Deus tornam-se o fundamento por meio do qual Paulo
exorta o povo a se entregar de todo coração ao Senhor e a realizar a vontade
dEle. Isso é ilustrado por passagens complementares da epístola para os
Romanos. A certa altura, Paulo exorta o povo a entregar los vossos membros a
Deus, como instrumentos de justiça [...] Porque [...] estais [...] debaixo da
graça' (Rm 6.13,14). Depois, ele escreve: 'Rogo-vos, pois, irmãos, pela
compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo' (12.1).
Paulo entende a experiência da salvação, do começo ao fim, como uma expressão
da misericórdia e graça de Deus e, como tal, ele incita o povo a responder com
fé e obediência sinceras a Deus e sua vontade" (ZUCK, Roy B (Ed.).
Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 275,76).
A
GRAÇA DE DEUS APRESENTADA EM ROMANOS
A
carta de Paulo à igreja que está situada em Roma é a mais longa e doutrinária
de todas as cartas do Novo Testamento. Não por acaso, o reformador alemão,
Martinho Lutero, a chamava de "a verdadeira obra primado Novo
Testamento". Nela, o apóstolo trata de questões relacionadas à justiça de
Deus, à justificação pela fé, o pecado, à graça de Deus, à influência de
gruposju-daizantes na igreja, à questão entre alguns crentes gentios e judeus
em relação à dieta de alimentos, à posição de Israel diante de Deus
considerando sua rejeição ao Messias.
Ao
iniciar sua carta, nos três primeiros capítulos, o apóstolo argumenta de forma
doutrinária que a humanidade precisa desesperadamente da graça de Deus para
viver, caso contrário, ela será alvo do justo juízo do Deus eterno. Ele anuncia
a má notícia de que o ser humano está separado de Deus por causa do pecado, que
segundo o escritor Max Lucado "não somos suficientemente fortes para
removê-lo, e não somos bons o bastante para apagá-lo". Embora distantes de
Deus, ainda assim os pecadores não pedem sua ajuda nem seu auxílio,
demonstrando então, dureza de coração. Por isso, Paulo diz que eles buscam
satisfazer suas próprias paixões (1.21-25); vivem monitorando o próximo, como
se fossem juízes (2.1-6); e se acham dignos de algo devido aos seus próprios
méritos (2.17-24). Não tem jeito, todos pecaram!
Em
meio ao caos descrito acima, o apóstolo faz ecoar o grito da graça, a boa notícia
de Deus aos pecadores: "agora Deus já mostrou que o meio pelo qual ele
aceita as pessoas [...] [é pela] fé que elas têm em Jesus" (3.21,22). Essa
boa notícia nos diz que podemos ser aceitos pelo Pai e tornados justos pela fé
em Cristo; tendo paz com Deus e uma nova vida de lealdade e serviço ao Senhor,
pois se por um homem (Adão) entrou o pecado e a morte no mundo, por outro homem
(Jesus) entrou a graça e avida.
AUXILIO
TEOLÓGICO
A
Relação entre a Graça e a Ira
Portanto,
a rejeição da graça provoca a ira, e sua aceitação gera a salvação. Como já
vimos, a exemplo de uma pessoa que se coloca debaixo de uma grande queda d'água
como as de Foz de Iguaçu, ou do Niágara, com uma xícara virada de cabeça para
baixo, o vazio vem de rejeição da graça que é copiosamente derramada sobre a
pessoa. Por meio de um simples ato de arrependimento (do ato de virarmos a
"xícara" da alma com o lado certo para cima), poderemos receber as
bênçãos que sobre nós são derramadas pelo copioso fluxo do amor de Deus. (GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática: Pecado, salvação, igreja, últimas coisas. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010, p.159)