Deus fez um
concerto com Abraão e o renovou com Isaque e Jacó. O concerto de Deus com os
israelitas, feito ao sopé do monte Sinai (ver Êx 19.1), abrange os dois
princípios básicos.
(1) Unicamente
Deus estabelece as promessas e compromissos do seu concerto, e (2) aos seres humanos
cabe aceitá-los com fé obediente.
A diferença
principal entre este concerto e o anterior é que Deus fez um sumário das
respectivas promessas e responsabilidades do concerto antes da sua ratificação
(Êx 24.1-8).
PROMESSAS
DE DEUS DO CONCERTO
(1) As promessas
de Deus, neste concerto, eram basicamente as mesmas que foram feitas a Abraão
(ver Êx 19.1). Deus prometeu (a) que daria aos israelitas a terra de Canaã
depois de libertá-los da escravidão no Egito (Êx 6.3-6; 19.4; 23.20, 23), e
(b) que Ele seria
o seu Deus e que os adotaria como o seu povo (Êx 6.7; 19.6; ver Dt 5.2). O alvo
supremo de Deus era trazer ao mundo o Salvador através do povo do concerto.
(2) Antes de Deus
cumprir todas essas promessas, Ele requereu que os israelitas se comprometessem
a observar as suas leis declaradas quando eles estavam acampados no monte
Sinai. Depois de Deus revelar os dez mandamentos e muitas outras leis do
concerto, os israelitas juraram a uma só voz: “Todas as palavras que o
SENHOR tem falado faremos” (Êx 24.3). Sem essa promessa solene de aceitarem as
normas da lei de Deus, o concerto entre eles e o Senhor não teria sido
confirmado (ver Êx 24.8).
(3) Essa resolução
de cumprir a lei de Deus, continuou como uma condição prévia do concerto.
Somente pela perseverança na obediência aos mandamentos do Senhor e no
oferecimento dos sacrifícios determinados por Deus no concerto é que Israel
continuaria como a possessão preciosa de Deus e igualmente continuaria a
receber as suas bênçãos. Noutras palavras, a continuação da eleição de Israel
como o povo de Deus dependia da sua obediência ao seu Senhor (ver Êx 19.5,).
(4) Deus também
estipulou claramente o que aconteceria se o seu povo deixasse de cumprir as
obrigações do concerto. O castigo pela desobediência era a destruição daquele
povo, quer por banimento, quer por morte (ver Êx 31.14,15).
Trata-se de uma
repetição da advertência de Deus, dada por ocasião do êxodo, i.e., aqueles que
não cumprissem as suas instruções para a Páscoa seriam excluídos do povo (Êx
12.15, 19; 12.15 nota). Essas advertências não
eram fictícias. Em
Cades, por exemplo, quando os israelitas se rebelaram, incrédulos, contra o
Senhor e se recusaram a entrar em Canaã, por medo dos seus habitantes, Deus se
irou com eles e, como castigo, fê-los peregrinar no deserto durante trinta e
nove anos; ali, morreram todos os israelitas com mais de vinte anos de idade
(exceto Calebe e Josué, ver Nm 13.26—14.39; 14.29).
O castigo pela desobediência
e incredulidades deles foi a perda do privilégio de habitar na terra do
repouso, por Deus prometido (cf Sl 95.7-11; Hb 3.9-11,18).
(5) Deus não
esperava de seu povo uma obediência perfeita, e sim uma obediência sincera e
firme. O concerto já reconhecia que, às vezes, devido às fraquezas da natureza
humana, eles fracassariam (ver 30.20 nota). Para remi-los da culpa do pecado e
reconciliá-los consigo mesmo, Deus proveu o sistema geral de sacrifícios e, em
especial, o Dia Anual da Expiação. O povo podia, assim, confessar seus pecados,
oferecer os diversos sacrifícios, e deste modo reconciliar-se com o seu Senhor.
Todavia, Deus julgaria severamente os desobedientes, a rebeldia e a apostasia
deliberada.
(6) No seu concerto
com os israelitas, Deus tencionava que os povos doutras nações, ao observarem a
fidelidade de Israel a Deus, e as bênçãos que recebiam, buscassem o Senhor e
integrassem a comunhão da fé. Um dia, através do Redentor prometido, um convite
seria feito às nações da terra para participarem dessas promessas. Assim, o
concerto tinha um relevante aspecto missionário.
O
CONCERTO RENOVADO NAS PLANÍCIES DE MOABE
Depois que a
geração rebelde e infiel dos israelitas pereceu durante seus trinta e nove anos
de peregrinação no deserto, Deus chamou uma nova geração de israelitas e
preparou-os para entrarem na terra prometida, mediante a renovação do concerto
com Ele. Para uma conquista bem-sucedida da terra de Canaã, necessário era que
eles se comprometessem com esse concerto e que tivessem a garantia que o Senhor
Deus estaria com eles.
(1) Essa renovação
do concerto é o enfoque principal do livro de Deuteronômio. Depois de uma
introdução (Dt 1.1-5), Deuteronômio faz um resumo histórico de como Deus lidou
com seu povo desde a partida do Sinai (Dt 1.6—4.43). Repete as principais
condições do concerto (Dt 4.44—26.19), relembra aos israelitas as maldições e
as bênçãos do concerto (Dt 27.1—30.20) e termina com as providências para a
continuação do concerto (Dt 31.1—33.29). Embora o fato não seja mencionado
especificamente no livro, podemos ter como certo que a nação de Israel, à uma
só voz, deu um caloroso “Amém” às condições do concerto, assim como a geração
anterior fizera no monte Sinai (cf. Êx 24.1-8; Dt 27; 29.10-14).
(2) O conteúdo
básico desse concerto continuou como o do monte Sinai. Um assunto reiterado no
livro inteiro de Deuteronômio é que, se o povo de Deus obedecesse a todas as
palavras do concerto, teria a bênção divina; em caso contrário, teria a
maldição divina (ver Dt, especialmente 27—30). A única maneira deles e seus
descendentes permanecerem para sempre na terra de Canaã era guardarem o
concerto, amando ao Senhor e obedecendo à sua lei (Dt 30.15-20).
(3) Moisés ordenou
ao povo que periodicamente relembrasse o concerto feito. Cada sétimo ano, na
Festa dos Tabernáculos, todos os israelitas deviam comparecer ao lugar que Deus
escolhesse. Ali, mediante a leitura da lei de Moisés, eles relembrariam do
concerto de Deus com eles, e também, mediante a renovação da promessa, de
cumprir o que ouviam (Dt 31.9-13).
O
AT REGISTRA VÁRIOS EXEMPLOS NOTÁVEIS DESSA LEMBRANÇA E RENOVAÇÃO DO CONCERTO.
Após a conquista
da terra, e pouco antes da morte de Josué, este conclamou todo o povo com esse
propósito (Js 24). A resposta do povo foi clara e inequívoca: “Serviremos ao
SENHOR, nosso Deus, e obedeceremos à sua voz” (Js 24.24). Diante disso: “Assim,
fez Josué concerto, naquele dia, com o povo” (Js 24.25). Semelhantemente, Joiada
dirigiu uma cerimônia de renovação do concerto, quando Joás foi coroado (2Rs
11.17), e assim fizeram também Josias (2Rs 23.1-3), Ezequias (cf. 2Cr 29.10) e
Esdras (Ne
8.1—10.39).
1.
A chamada para relembrar e renovar o concerto é oportuna hoje.
O NT é o concerto
que Deus fez conosco em Jesus Cristo. Lembramos do seu concerto conosco quando
lemos e estudamos a sua revelação contendo suas promessas e preceitos, quando
ouvimos a exposição da Palavra de Deus e, mais especificamente, quando
participamos da Ceia do Senhor (ver 1Co 11.17-34). Na Ceia do Senhor, também
renovamos nosso compromisso de amar ao Senhor e de servi-lo de todo o nosso
coração (ver 1Co 11.20).
Adaptado dos Escritos de: DONALD C.
STAMPS
Fonte
Original:
Bíblia de Estudo Pentecostal
Editora: CPAD