Lição 3: Igreja, Agência Evangelizadora

Subsídio teológico para a lição três do 3° trimestre de 2016
Realçaremos a Igreja que se faz conhecida pelo evangelho que proclama, pela doutrina que ensina e pelo discipulado que emprega na formação de novos crentes. Que Deus nos abençoe na observância dos mandamentos do Senhor Jesus quanto à evangelização do mundo.
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I. IGREJA, COMUNIDADE DE PROCLAMAÇÃO
O mártir alemão Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) declarou que a Igreja é Cristo existindo em comunidade. Todavia, Jesus não almeja apenas existir entre nós, mas atuar por meio de nós. É para isso que Ele instituiu a sua igreja.


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1. Igreja, definição que desafia.
A Igreja já foi definida como uma assembleia dos que foram chamados para fora. Se aceitarmos essa definição, veremos que a etimologia do termo grego ekklēsia é bastante emblemática. Nesse vocábulo, temos duas palavras distintas: ek, que significa “de” ou “para fora”, e kaleō, que traz o significado de ser chamado, ou convocado.
Nesse sentido, a ekklēsia grega era a assembleia de cidadãos intimados para fora de suas casas, a fim de tratar de algum assunto de interesse público. Tendo em vista a natureza e a missão da “igreja” grega, aprouve ao Senhor Jesus usar o mesmo termo para nomear a sua universal assembleia de homens e mulheres provenientes de todas as nações.

2. Igreja, um organismo peculiar.
Ao ouvir a declaração de Pedro, sobre a qual fundou a sua Igreja, Jesus poderia ter dito: “Sobre esta pedra, fundarei a minha sinagoga”. Mas, se o fizesse, estaria limitando a atuação de seus discípulos, pois os judeus, numa cidade gentia, não eram chamados para fora, mas convocados para dentro. E, ali, na sinagoga, congregavam-se, a fim de adorar o Deus da nação de Israel, e não para anunciar o Deus de todos os povos. Além do mais, para se formar uma congregação israelita eram necessários nove homens adultos.

O Senhor, porém, simplificou o estabelecimento da Igreja. Agora, não é mais imperioso que se reúna uma novena de varões. Bastam duas pessoas congregarem-se sob a invocação de Cristo, para que Ele se manifeste entre elas e, por intermédio delas, aja salvadoramente (Mt 18.20). Um único santo não constitui uma igreja, mas um testemunho.

Mas dois ou três, invocando o nome do Senhor, perfazem um número suficiente para que se tenha uma comunidade proclamadora.
A Igreja de Cristo é superior à assembleia grega e mais sublime que a sinagoga judaica. Ela, por ser Igreja e pertencer a Cristo, jamais deixará de ser um organismo, ao passo que estas nunca hão de transcender os limites da organização.

3. A Igreja sempre será chamada para fora.
Ainda que a etimologia da palavra “igreja” seja, às vezes, questionada, os discípulos de Cristo sempre serão chamados para fora, a fim de proclamar o evangelho. Nosso testemunho, portanto, não ficará emparedado, nem aprisionado pela burocracia eclesiástica. Se somos Igreja, agiremos como Igreja. Sairemos a evangelizar e a fazer discípulos até a fronteira final deste globo.

A Igreja, em virtude de sua natureza, não se deixa aprisionar por uma agenda que não tenha a evangelização como a prioridade máxima. Evocamos, aqui, o exemplo das Assembleias de Deus. Embora não houvesse ainda nascido oficialmente, apregoava o novo nascimento sem impedimento algum. Naqueles idos, o campo era um mundo sem fronteiras. Todos os que se convertiam eram chamados para fora, apregoando que Jesus salva, batiza com o Espírito Santo e cura os males do corpo. A chama pentecostal ardia continuamente.

Há uma diferença substancial entre a chamada de Israel e a da Igreja. No Antigo Testamento, os israelitas partiam dos extremos de Israel, para adorar em Jerusalém. Assim também agiam os prosélitos. Haja vista a rainha de Sabá e o eunuco de Candace, soberana dos etíopes.
O Senhor Jesus, contudo, ao estabelecer a Igreja, não tinha como
alvo atrair ninguém à Cidade Santa. Mas, a partir de Jerusalém, tinha como alvo a conquista do mundo através de seus discípulos.

A missão de Israel, portanto, era centrípeta; atraía a todos ao centro judaico de adoração, que tinha como emblema o Santo Templo. Quanto à missão da Igreja, é fortemente centrífuga; desde Jerusalém, pôs-se a proclamar o evangelho até às fronteiras mais extremas da Terra.

II. A IGREJA DE CRISTO E O CRISTO DA IGREJA

João Calvino (1509-1564), ao discorrer sobre a natureza da Igreja, foi preciso e coerente: “Onde quer que vejamos a Palavra de Deus pregada e ouvida com pureza, ali existe uma igreja de Deus, mesmo que ela esteja repleta de falhas”. Portanto, não há o que se discutir. A Igreja de Cristo subsiste pela proclamação do evangelho de Cristo e pelo ensino da doutrina dos profetas e dos apóstolos.

1. Sua natureza proclamadora.
Cristo estabeleceu a Igreja em cima de uma proclamação breve, mas profundamente teológica e profética.

Ao indagar de seus discípulos acerca da opinião de Israel quanto à sua pessoa, ouviu de Pedro a maior declaração que alguém poderia fazer sobre o seu messiado: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Tal afirmação, embora sucinta, era tão forte e marcante, que somente alguém inspirado pelo Espírito Santo poderia emiti-la.
Foi o que reconheceu o próprio Senhor: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17).

Em seguida, o Senhor revela aos discípulos que, sobre a assertiva de Pedro, fundaria Ele a sua Igreja. Portanto, o alicerce da assembleia do Novo Testamento é uma declaração que, em nove palavras, revela a essência dos profetas que, desde Moisés, profetizaram até Malaquias. Ora, se a natureza da Igreja de Cristo é a proclamação, ela haverá de peregrinar de proclamação em proclamação até que o Senhor a venha buscar.

2. Sua missão proclamadora.
Se a igreja evangeliza e faz missões, é verdadeira. Mas se vive pela liturgia, não passa de uma casa de espetáculos. As igrejas católicas e orientais são ostensivas e doentiamente formais. Algumas missas ortodoxas chegam a durar três horas. Se espremermos, porém, todos esses missais, cânones e rubricismos, não lograremos uma única gota do verdadeiro evangelho. Infelizmente, os evangélicos, apesar de suas reuniões vivazes e barulhentas, estão caindo no mesmo pecado. A formalidade também se manifesta informalmente.

Qualquer culto, portanto, que não cultue verdadeiramente a Deus, é formalismo, ainda que traga um ostensivo rótulo carismático. João Wesley (1703-1791), após a sua experiência pentecostal, começou a ter uma visão mais bíblica sobre a tarefa do corpo de Cristo:

“A Igreja nada tem a fazer, a não ser salvar almas. Portanto, deve gastar e ser gasta nesta obra. Não lhe é requerido falar tantas vezes, mas salvar tantas almas quanto puder, levar ao arrependimento tantos pecadores quanto possível”. O evangelista inglês diz-nos, entre outras coisas, que a evangelização tem de voltar a ser a nossa primazia. Caso contrário, jamais seremos reconhecidos como discípulos daquEle que, durante todo o seu ministério, outra coisa não fez senão proclamar a Palavra de Deus com a vida e por meio da própria morte.



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