Lição 1: O que É Evangelização?

Subsídio teológico para a lição um do 3° trimestre de 2016
Neste capítulo, veremos que a evangelização é a tarefa mais urgente da Igreja de Cristo. Além dos exilados que nos vêm de longe, aqui mesmo, bem pertinho de nós, há alguém suspirando pelo evangelho que salva, transforma e reconcilia-nos com o Pai.
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William Gurnall (1616-1679) descreve com rara beleza a influência das Boas-Novas de Cristo na alma do pecador: “O evangelho é a carruagem com a qual o Espírito desfila em triunfo quando entra no
coração dos homens”. O admirável escritor britânico sabia que somente
o evangelho, por ser o poder de Deus, tem a virtude suficiente para transformar radicalmente a alma humana.

1. Evangelho, uma palavra graciosa.
O termo “evangelho”, oriundo do vocábulo grego euaggélion, significa literalmente “boa-nova”. A palavra é formada por dois vocábulos gregos: eu, bom, e aggélion, anúncio. Trata-se de uma expressão antiquíssima da língua grega.
O poeta Homero utilizou-a, no século oitavo a.C., com o sentido de “recompensa por uma boa notícia”. Quando da tradução do Antigo
Testamento, do hebraico para o grego, os Setenta utilizaram-na, por exemplo, em 2 Reis 18.20,22,25.
A palavra, contudo, só viria adquirir a conotação com que, hoje, a conhecemos a partir do advento de Cristo. Após o seu batismo, o Senhor apresentou-se a Israel com o evangelho do Reino. Ao descrever a ação evangelizadora de Jesus, ressalta-lhe Mateus não somente as palavras, mas notadamente os atos: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35).

O Senhor Jesus veio para transmitir, em sua plenitude, o evangelho de Deus. Se, por um lado, proclamou a redenção da alma, por outro, não deixou de anunciar a cura do corpo. Em seus lábios, a palavra “evangelho” adquire um significado novo, profundo e dinâmico.

O termo grego, agora, não se refere mais à mera recompensa a quem traz uma boa notícia. A partir daquele instante, a graciosa palavra caminha em sentido inverso. Generosamente, contempla os que nada merecem.
Basta crer na mensagem, a fim de entrar no Reino que Deus preparou aos seus filhos desde a fundação do mundo (Mt 25.34; Ef 2.8).
Ao longo do Novo Testamento, o evangelho recebe diversas designações: evangelho de Deus, evangelho do Reino de Deus, evangelho da graça de Deus, evangelho eterno, meu evangelho e outro evangelho.

2. Evangelho de Deus.
Jesus Cristo apresentou-se a Israel com o evangelho de Deus (Mc 1.14). Ele deixou bem claro à sua audiência, constituída também por escribas e fariseus, que a sua mensagem, embora nova, não trazia qualquer inovação. Antes, era o cumprimento do que anunciara o Antigo Testamento.
Logo, os doutores da Lei poderiam constatar-lhe a veracidade se fizessem uma releitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Aliás, assim haviam procedido os rabinos a quem Herodes indagara quanto ao lugar do nascimento do Messias (Mt 2.1-6).
O evangelho de Deus é o cumprimento das promessas que o Senhor fizera ao mundo, por meio de Israel, no Antigo Testamento. Não se trata de um rompimento com o Velho Pacto, mas um fiel cumprimento deste na Nova Aliança, que tem como base o sangue de Jesus (1 Co 11.25).

3. O evangelho de Cristo.
Paulo fazia questão de enfatizar aos crentes gentios que o evangelho que anunciava era o de Cristo. Na mais teológica de suas epístolas, declara à igreja em Roma: “De sorte que tenho glória em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus.
Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras; pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo” (Rm 15.17-19).
A teologia paulina era geograficamente ampla. De Jerusalém à Itália, o apóstolo patenteava que o evangelho não era um apêndice do judaísmo, mas o cumprimento messiânico das promessas do Antigo Testamento. Portanto, não era o evangelho de Israel, mas o evangelho de Cristo para Israel e o mundo.
4. O evangelho do Reino de Deus.
É a proclamação mais escatológica do evangelho de Cristo. De maneira plena, cumpre a aliança que Deus firmara com a Casa de Davi (2 Sm 7.16).
Logo no primeiro versículo do Novo Testamento, o evangelista destaca a eternidade da linhagem de Jessé na pessoa e no ministério de Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1.1). Não foi por mero acaso que Mateus cita o rei antes do patriarca, pois Jesus é mais conhecido como filho de Davi do que como filho de Abraão (Mt 15.22).
Quando os apóstolos indagaram-lhe acerca do estabelecimento do reino a Israel, tinham em vista, apenas, o aspecto escatológico e futuro do evangelho, e não a sua urgência presente e evangelística.

Para realçar a premência da Grande Comissão, o Senhor prometeu-lhes a vinda do Espírito Santo (At 1.18). O evangelho do Reino de Deus enfatiza o mistério daquela minúscula semente que, geminando no coração do homem, frutifica a transformação da sociedade e do mundo. Além dos efeitos presentes, trará a instalação do Milênio com a apresentação de Jesus como o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

5. O meu evangelho.
Não encontramos na Bíblia um evangelho segundo Paulo. Não obstante, o apóstolo refere-se ao evangelho como se fora a sua propriedade (Rm 2.16; 16.25; 2 Tm 2.18). Ele recebera-o diretamente do Senhor em, pelo menos, duas ocasiões especiais (2 Co 12.1-4; Gl 1.17,18). Quer nos ermos da Arábia, quer no paraíso do terceiro céu, Paulo aprendera, diretamente do Senhor, os mistérios do evangelho.
Portanto, anunciava a todos, judeus e gentios, o evangelho de Cristo que, como fundamento, tinha a graça de Deus. Por isso, combatia sem qualquer trégua o outro evangelho, que porfiava em anular a graça divina por meio dos rudimentos da lei mosaica.

O trabalho evangelístico requer um sólido alicerce bíblico-teológico, para que seja plenamente efetivado. Eis os três principais fundamentos da evangelização: a Bíblia, a experiência e a história eclesiástica.

1. A Bíblia.
Quem sai a evangelizar tem de saber que está cumprindo uma ordenança urgente de Cristo (Mt 28.19,20). Além disso, o conteúdo da mensagem a ser proclamada, quer individual, quer coletivamente, há de refletir a mensagem da cruz em sua inteireza, conforme aprendemos com Paulo:
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder. (1 Co 2.1-4)
Que o evangelista seja bíblico em sua vocação, no exercício de seu ministério e na mensagem que proclama. Se fugir à Palavra de Deus, num desses itens, seu trabalho estará fadado ao fracasso.

2. A experiência.
A experiência básica do evangelista é a sua experiência pessoal com o Senhor Jesus. Paulo só transmitia um ensinamento depois de havê-lo experimentado.
Ao introduzir a doutrina da Santa Ceia na igreja em Corinto, disse-lhes: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23). Como, pois, haverá alguém de falar de Cristo se nenhuma experiência pessoal tem com o Senhor?
Também não é possível falar de salvação estando ainda perdido e caminhando a passos acelerados e largos para o inferno.
A segunda experiência básica do evangelista é o batismo com o Espírito Santo. Stanley Jones afirmou que a vida cristã tem início no Calvário, mas o trabalho eficiente, no Pentecostes. Se Deus o chamou a evangelizar, não deixe de buscar o poder do alto. Sem a assistência do Espírito, não poderemos anunciar, eficazmente, o evangelho de Cristo.
No capítulo referente ao evangelista, voltaremos a tratar mais largamente sobre os requisitos essenciais ao exercício desse glorioso ministério.

3. A História da Igreja Cristã.
A Igreja de Cristo tem um compromisso inadiável e orgânico com a evangelização do mundo. É o que nos mostra a História. Se avivada, a igreja evangeliza, faz missões e estende as fronteiras do Reino de Deus. Mas, caída, faz cruzadas, promove guerras e empreende conquistas. Haja vista o que aconteceu em 1095. Nesse ano, durante o Concílio de Clermont, o Papa Urbano II exortou os barões franceses a libertar Jerusalém do jugo muçulmano.
Dessa forma, a guerra instalou-se novamente nas terras de Israel, levando o nome de Cristo ao descrédito.
O evangelista deve conhecer bem a história e a tradição eclesiástica, a fim de não cometer os erros do passado. Ele tem de saber que a missão é difundir o cristianismo, não a cristandade visível e eivada de erros.
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