Aqueles que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão? - Subsídios Dominical

DICAS:

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Aqueles que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão?

Em Romanos 5.14, que significam as palavras: "... mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão..."?
Romanos 5.12-14 diz: "Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; pois antes de ser dada a Lei, o pecado já estava no mundo. 

Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei. Todavia a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria de vir".
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Essa passagem nos ensina com toda clareza que
1) no caso do homem, criado à imagem e semelhança do Deus eterno, a morte não era uma necessidade, mas a penalidade do pecado — desobediência cometida por Adão e Eva no Jardim do Éden;
2) a aliança havia sido celebrada com Adão e com todos os seus descendentes, pelo que seu pecado de comer do fruto proibido envolveu não apenas ele próprio, mas toda a sua posteridade, num estado de pecado e morte;
3) as conseqüências penais daquela queda influíram sobre toda a humanidade, até mesmo antes da entrega da lei no monte Sinai, e antes de a primeira porção das Escrituras Sagradas ser revelada e entregue em forma escrita; e
4) por causa daquele pecado original, a morte atingiu toda a humanidade, a partir de Adão até Moisés — inclusive as pessoas (descendentes de Adão) que deliberadamente haviam decidido que não desobedeceriam a Deus, como fez Adão.

Isso suscita a questão: qual é o membro da raça humana que não se parece com Adão e, portanto, decidiu conscientemente que não transgrediria contra Deus, e não desobedeceu mesmo?
Quem dentre nós não repetiu pessoalmente a ofensa de Adão, pelo uso de nosso livre-arbítrio?
A resposta é: Ninguém, nenhum ser humano, nascido de mulher — exceto os que morreram na tenra infância, que não chegaram à idade da razão suficiente para tomar decisões morais responsáveis. É possível que se discuta a questão da duração desse estado inicial de inocência, após o nascimento da criança.
Bem cedo os pais percebem a realidade da natureza rebelde de seus filhos; e vêem a si mesmos bem cedo, no processo de educá-los, dizendo-lhes que procederam bem, ou mal, em certos dias, sob certas circunstâncias. E assim é que o bebê talvez seja considerado culpado de pecado ao demonstrar seu mau humor, pela primeira vez, ou mais tarde, quando estiver engatinhando e dispondo-se a fazer algo errado, sua natureza adâmica está presente ali. Bem depressa nós os pais nos reconhecemos em nossos pequenos filhos!

Todavia, fica bem claro que nos primeiros estágios da vida de uma criança, ela é totalmente inocente no que diz respeito às suas manifestações morais. No entanto, como o versículo 14 salienta, a morte — que é a penalidade do pecado nos seres humanos adultos — "reinou" em toda a raça humana, inclusive nas criancinhas que, ao morrerem na infância, não tiveram oportunidade de repetir a queda de Adão. É claro, no entanto, estão incluídas na culpa de nosso primeiro pai.

Surge, pois, a pergunta: Por que as coisas têm de ser assim?
Como pode haver justiça em condenar alguém que jamais pecou conscientemente?
A resposta nós a encontramos no fato de Adão ser o representante da humanidade e no potencial previsto da criança que foi tirada da vida prematuramente.
 Romanos 5 estabelece Adão e Cristo como os dois responsáveis da  humanidade (ou representantes das alianças). O primeiro foi nomeado  representante de toda a humanidade; o segundo foi eleito representante da raça  humana redimida.
 Adão reagiu à face da aliança das obras com um ato de desobediência, de  rejeição a Deus; Cristo atuou diante dessa
 aliança com um ato de afirmação do amor a Deus, uma demonstração de  obediência — mediante sua morte na cruz, como expiação pelo homem decaído  — o clímax e selo de uma vida perfeitamente isenta de pecado, de obediência a  Deus.
 Romanos 5 ensina que a reação moral de cada um dos dois passou seus  méritos a todas as pessoas que participavam da aliança — mediante o princípio  da imputação. O pecado de Adão foi transmitido a todos os seus descendentes  — inclusive às crianças que morrem na infância. Da mesma forma, a obediência  repreensível, sem pecado, de Cristo, foi atribuída a todos os seres humanos  que pela fé pertencem a Ele.

 Toda a raça humana caiu em pecado e culpa pela queda de Adão, mas todos  quantos estão em Cristo foram redimidos pela sua justiça, atribuída a eles pela  graça de Deus, estendida a todos quantos sinceramente creem em seu Filho,  Jesus Cristo, para a salvação. Deixar de aceitar o princípio envolvido na  doutrina de Adão ser nosso representante implica também a rejeição da  doutrina de Cristo como nosso Salvador.

 Quem despreza seu envolvimento pessoal com o pecado original (é isso que  significa a aceitação de Adão como nosso representante) pela mesma medida  rejeita a justificação que lhe cabe mediante a fé em nosso Salvador, Jesus  Cristo. A passagem em pauta ensina as duas doutrinas; por isso, quem rejeita  uma, despreza a outra também.

Todavia, quando tentamos aplicá-la às crianças que morreram na infância, surge um grave problema a respeito da salvação.

Se os benefícios do Calvário estão disponíveis apenas para as pessoas que creem e se arrependem, que esperança existe para uma criança que morreu antes de chegar à idade de poder crer e arrepender-se?

A ideia nos conduz ao potencial previsto da criança que morreu. Em outras palavras, toda e qualquer criança que alcançar a idade da razão, em que pode prestar contas de si mesma, com absoluta certeza vai repetir o pecado de Adão, vai recapitular a desobediência de nosso primeiro pai, visto ter sido dotada de livre-arbítrio e capacidade de escolha voluntária, pela qual será responsável.

Todavia, a criança que morreu antes de atingir esse nível moral, espiritual, se lhe tivesse sido permitido viver mais, é certo que teria reagido de algum modo, pela obediência ou desobediência, à face da oferta graciosa do Evangelho.

A criança na idade da razão teria aceitado ou rejeitado o Evangelho. Deus sabe o que está no coração do ser humano antes ainda de ele nascer. Disse Deus a Jeremias: "Antes de formá-lo no ventre eu o escolhi; antes de você nascer, eu o separei e o designei profeta as nações". (Jr 1.5).

Deus não precisou esperar para ver de que modo Jeremias reagiria ao chamado divino.

Diga-se o mesmo de João Batista (Lc 1.13-15) e do Senhor Jesus (Is 49.1). Portanto, se Deus sabe de antemão o que cada criança vai fazer, e como reagirá ao atingir a idade das decisões morais, há razões de sobra para crermos que Deus sabe como elas reagirão a seu chamado e se aceitarão ou não sua oferta de graça redentora.

Portanto, pode-se considerar uma inferência necessária (embora talvez não exista ensino explícito nas Escrituras, sobre o ponto de que estamos tratando em particular) da presciência de Deus, da futura reação de cada criança, que o Senhor também sabe qual seria a atitude dela, se vivesse tempo suficiente para tomar tal decisão. Portanto, concluímos que todas as crianças que morrem na infância são julgadas de acordo com o princípio do potencial previsto por Deus.

Encerramos com uma observação à opinião comumente expressa de que todas as crianças que morrem na infância estão automaticamente salvas, visto que não cometeram pecado.

Entretanto, por mais bondosa e bem intencionada que essa idéia possa ser, ela enfrenta duas objeções: primeira, na verdade rejeita a doutrina do pecado original, ensinada em Romanos 5, pois pressupõe que chegamos ao mundo tão isentos de pecado e culpa como se Adão jamais houvesse pecado — o que abertamente contradiz as Escrituras.

Segunda, essa doutrina da salvação universal de todas as crianças mortas na infância induz-nos ao horrendo dilema moral enfrentado por todos os pais.

Em outras palavras, se a morte na infância assegura a entrada livre dos filhos de alguém no céu — pois eles poderiam rejeitar o Senhor mais tarde e, desse modo, acabar no inferno — torna-se então quase obrigatório que cada pai estrangule seus filhos tão logo nasçam, pelo que todos os defensores e praticantes do aborto estão realizando um excelente trabalho!

Ainda que alguém pratique infanticídio pode ser tecnicamente culpado de assassinato, seu motivo para praticar tal ato diminui grandemente a culpa (ainda que não a elimine de todo) que de outra forma se atribui a tão monstruoso crime.

Seria concebível que Deus ordenasse seu universo moral de tal modo que desse um motivo especial, do tipo benevolentíssimo, para que cada pai ou mãe assassinasse seu filho antes que ele chegasse à idade da razão para a prestação de contas? No entanto, essa é a conseqüência inescapável da aceitação dessa doutrina da salvação universal das crianças em plena infância.


À luz de todos os fatores mencionados, encontramos uma declaração muito melhor na Confissão de fé de Westminster (cap. X.3): "As crianças eleitas que morrem na infância são regeneradas e salvas por Cristo pelo Espírito, que opera quando e onde e da maneira que lhe apraz. Assim também são salvas todas as demais pessoas incapazes de ser chamadas externamente pelo ministério da Palavra" — isto é, os mentalmente incapazes.

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