A glória de Deus

DEFINIÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS.
A expressão “glória de Deus” tem emprego  variado na Bíblia.
(1) Às vezes, descreve o esplendor e majestade de Deus (cf. 1Cr 29.11; Hc 3.3-5), uma  glória tão grandiosa que nenhum ser humano pode vê-la e continuar vivo (ver Êx 33.18-23). 
Quando muito, pode-se ver apenas um “aparecimento da semelhança da glória do Senhor”  (cf. a visão que Ezequiel teve do trono de Deus, Ez 1.26-28).

Neste sentido, a glória de Deus  designa sua singularidade, sua santidade (cf. Is 6.1-3) e sua transcedência (cf. Rm 11.36; Hb  13.21). Pedro emprega a expressão “a magnífica glória” como um nome de Deus (2Pe 1.17).
(2) A glória de Deus também se refere à presença visível de Deus entre o seu povo, glória  esta que os rabinos de tempos posteriores chamavam de shekinah. Shekinah é uma palavra  hebraica que significa “habitação [de Deus]”, empregada para descrever a manifestação  visível da presença e glória de Deus. Moisés viu a shekinah de Deus na coluna de nuvem e de  fogo (Êx 13.21). Em Êx 29.43 é chamada “minha glória” (cf. Is 60.2).

Ela cobriu o Sinai  quando Deus outorgou a Lei (ver Êx 24.16,17 nota), encheu o Tabernáculo (Êx 40.34),  guiou Israel no deserto (Êx 40.36-38) e posteriormente encheu o templo de Salomão (2Cr
7.1; cf. 1Rs 8.11-13). Mais precisamente, Deus habitava entre os querubins no Lugar  Santíssimo do templo (1Sm 4.4; 2 Sm 6.2; Sl 80.1). Ezequiel viu a glória do Senhor  levantar-se e afastar-se do templo por causa da idolatria infrene ali (Ez 10.4,18,19).

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O  equivalente da glória shekinah no NT é Jesus Cristo que, como a glória de Deus em carne  humana, veio habitar entre nós (Jo 1.14). Os pastores de Belém viram a glória do Senhor no  nascimento de Cristo (Lc 2.9), os discípulos a viram na transfiguração de Cristo (Mt 17.2;  2Pe 1.16-18), e Estêvão a viu na ocasião do seu martírio (At 7.55).

(3) Um terceiro aspecto da glória de Deus é sua presença e poder espirituais.
Os céus  declaram a glória de Deus (Sl 19.1; cf. Rm 1.19,20) e toda a terra está cheia de sua glória (Is  6.3; cf. Hc 2.14), todavia o esplendor da majestade divina não é comumente visível, nem  notado.

Por outro lado, o crente participa da glória e da presença de Deus em sua comunhão, seu amor, justiça e manifestações, mediante o poder do Espírito Santo (ver 2Co 3.18;  Ef 3.16-19; 1Pe 4.14 nota).

(4) Por último, o AT adverte que qualquer tipo de idolatria é uma usurpação da glória de  Deus e uma desonra ao seu nome. Cada vez que Deus se manifesta como nosso Redentor,  seu nome é glorificado (ver Sl 79.9; Jr 14.21). Todo o ministério de Cristo na terra redundou  em glória ao nosso Deus (Jo 14.13; 17.1,4,5).

A GLÓRIA DE DEUS REVELADA EM JESUS CRISTO.

Quando Isaías falou da  vinda de Jesus Cristo, profetizou que nEle seria revelada a glória de Deus para que toda a  raça humana a visse (ver Is 40.5). Tanto João (Jo 1.14) como o escritor aos Hebreus (Hb 1.3) testificam que Jesus Cristo cumpriu essa profecia.

A glória de Cristo era a mesma glória que Ele tinha com seu Pai antes que houvesse mundo (Jo 1.14; 17.5). A glória do seu ministério ultrapassou em muito a glória do ministério do AT (2Co 3.7-11).

Paulo chama Jesus “o Senhor da glória” (1Co 2.8), e Tiago o chama “nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória” (Tg 2.1).Repetidas vezes, o NT refere-se ao vínculo entre Jesus Cristo e a glória de Deus. Seus milagres revelavam a sua glória (Jo 2.11; 11.40-44). Cristo transfigurou-se em meio a “uma nuvem luminosa” (Mt 17.5), onde Ele recebeu glória (cf. 2Pe 1.16-19).

A hora da sua morte foi a hora da sua glorificação (Jo 12.23,24; cf. 17.4,5). Subiu ao céu em glória (cf. At 1.9; 1Tm 3.16), agora está exaltado em glória (Ap 5.12,13), e um dia voltará “sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt 24.30; cf. 25.31; Mc 14.62; 1Ts 4.17).

A GLÓRIA DE DEUS NA VIDA DO CRENTE.
Como a glória de Deus relaciona-se ao crente pessoalmente?

(1) Concernente à glória celestial e majestosa de Deus, é bem verdade que ninguém pode contemplar essa glória e sobreviver. Sabemos que ela existe, mas não a vemos. Deus habita em luz e glória inacessíveis, que nenhum ser humano pode vê-lo face a face (1Tm 6.16).

(2) A glória shekinah de Deus, no entanto, era conhecida do seu povo nos tempos bíblicos.
No decurso da história, até o presente, sabe-se de crentes que tiveram visões de Deus, semelhantes às de Isaías (Is 6) e Ezequiel (Ez 1), embora isso não fosse comum naqueles tempos, nem agora.

A experiência da glória de Deus, no entanto, é algo que todos os crentes terão na consumação da salvação, quando virmos a Jesus face a face. Seremos levados à presença gloriosa de Deus (Hb 2.10; 1Pe 5.10; Jd 24), compartilharemos da glória de Cristo
(Rm 8.17,18) e receberemos uma coroa de glória (1Pe 5.4). Até mesmo o nosso corpo ressurreto terá a glória do Cristo ressuscitado (1Co 15.42,43; Fp 3.21).

(3) De um modo mais direto, o crente sincero experimenta a presença espiritual de Deus.

O Espírito Santo nos aproxima da presença de Deus e do Senhor Jesus (2Co 3.17; 1Pe 4.14).

Quando o Espírito opera poderosamente na igreja, através das suas manifestações sobrenaturais (1Co 12.1-12), o crente experimenta a glória de Deus no seu meio, i.e., um sentimento da majestosa presença de Deus, semelhante ao que sentiram os pastores nos  campos de Belém quando nasceu o Salvador (Lc 2.8-20).

(4) O crente que abandona o pecado e que repudia a idolatria pode ser cheio da glória de Cristo (ver Jo 17.22), bem como do Espírito da glória (1Pe 4.14); na realidade, uma das razões de Jesus vir ao mundo foi para encher de glória os crentes (Lc 2.29-32).

Como salvos por Cristo Jesus, devemos viver a nossa vida inteira para a glória de Deus, a fim de que Ele seja glorificado em nós (Jo 17.10; 1Co 10.31; 2Co 3.18).
Adaptado dos Escritos de: DONALD C. STAMPS
Divulgado por: †Subsídios EBD
Fonte Original: Bíblia de Estudo Pentecostal
Editora: CPAD