De um modo geral,
podemos dizer que os dons são recursos à disposição da Igreja para que esta
exerça sua missão profética, de proclamadora do Evangelho de Cristo, de modo
eficaz, contra "os principados, contra as potestades, contra os príncipes
das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais" (Ef 6.12).
1. A Importância dos
Dons de Deus
As "portas do
inferno" estão cada vez mais agressivas contra a Igreja de Jesus Cristo.
Em seu aspecto
organizacional, a Igreja materializa-se
nas diversas igrejas ou denominações
que adotam a fé cristã. Se uma igreja não demonstra ter em seu seio a operação
dos dons espirituais e dos dons ministeriais em sua expressão genuína, acaba
tornando-se apenas "uma organização religiosa sem fins econômicos",
como reza a legislação que trata da natureza jurídica das organizações
religiosas.
Os
dons espirituais são ferramentas indispensáveis
Assim, os dons
espirituais são ferramentas indispensáveis para que os crentes possam
desenvolver seu papel, como "sal da terra" e "luz do mundo"
(Mt 5.13,14).
O falar línguas, a
interpretação de línguas, a profecia, a sabedoria divina, os dons de curar, os
milagres, o discernimento dos espíritos e outros dons são indispensáveis para
que a pregação do Evangelho e a razão de ser da Igreja seja relevante em um
mundo relativista, secularista e materialista. Só o poder de Deus suplanta as
"portas do inferno".
Os dons
ministeriais, de pastor, evangelista, profeta, de mestre ou doutor, podem e
devem ser valorizados, nas igrejas cristãs. O que não se deve é aceitar as
cavilações vaidosas dos que entendem que ser "apóstolo" é ser maior
que "bispo"; e "bispo" é maior que "pastor" ou
presbítero.
Os obreiros
precisam entrar na escola da "bacia e da toalha", exemplificada por
Jesus (Jo 13.4,5). Ninguém é maior que ninguém, na igreja de Cristo. Aliás,
Jesus disse que "o primeiro será servo de todos"; "quem quiser
ser grande será vosso serviçal [diakonos]... "o primeiro será servo de
todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10.41-45 - grifo nosso).
Muitos líderes precisam calçar as sandálias do humilde Galileu.
2. A multiforme
sabedoria de Deus
Diz Paulo aos
efésios: "A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de
anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis
de Cristo e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde
os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou; para que, agora, pela
igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e
potestades nos céus" (Ef 3.1-5; 8-10). E ainda: "Mas falamos a
sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos
para nossa glória" (1Co 2.7).
Essa
"multiforme sabedoria de Deus", esse "mistério manifestado pela
revelação" e essa "sabedoria oculta em mistério" não podem ser
conhecidos através de formulações teológicas.
Só podem ser
conhecidos através de manifestações sobrenaturais da parte de Deus ou através
dos dons de Deus. Somente com o resgate da busca pelos
"melhores dons" é que as igrejas poderão sobreviver num mundo
tenebroso, em que as trevas satânicas a cada dia tomam conta das estruturas da
nação.
3. Despenseiros de
Deus
O apóstolo Pedro
exorta os destinatários da sua primeira carta, quanto à iminente vinda de
Jesus, fazendo solene advertência sobre como os cristãos devem comportar-se,
"como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1 Pe 4.10). A
Igreja e principalmente os obreiros devem ter a consciência de que são
despenseiros de Deus. E deles exigem-se algumas qualidades fundamentais.
Qualidades exigidas
da Igreja
1.
Sobriedade de vigilância
Os dons de Deus
devem ser exercidos com simplicidade e vigilância. Todos os cristãos devem ser
despenseiros de Deus. Deve guardar a sobriedade e vigilância, em oração (1 Pe
4.7).
O adversário anda
como leão, buscando destruir vidas preciosas. O que administra o rebanho de
Deus deve saber retirar da "despensa" de Deus o melhor alimento. E
vigiar por suas vidas. E Pedro quem dá idêntica advertência em sua primeira
carta: "Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1 Pe 5.8; Mt
26.41).
2.
Amor cristão
Os dons de Deus
devem ser cultivados em amor. Todo crente fiel deve ser despenseiro de Deus;
mas o obreiro, pastor, dirigente, ou líder de uma igreja, pastoreia ovelhas que
não são suas.
Como despenseiro
da graça de Deus, o obreiro deve demonstrar amor em todas as ocasiões, no trato
com todo o tipo de ovelha. Em qualquer situação o despenseiro deve ter amor. E
característica do verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.34,35). O obreiro deve
buscar e desenvolver o uso dos dons, de modo sincero e amoroso.
3.
Hospitalidade
Os dons de Deus
devem ser vividos com hospitalidade. Todo crente deve ter hospitalidade para
com "os outros, sem murmurações" (1Pe 4.9); "Não vos esqueçais
da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram
anjos" (Hb 13.2).
Há quem faça
acepção de pessoas, discriminando os mais humildes ou menos favorecidos na vida
humana. Essa não é atitude do despenseiro da casa de Deus. É pecado (Dt 16.19;
Tg 2.9). Esse deve ser sempre atencioso com todos, ajudando-os em suas
necessidades espirituais emocionais e físicas, dentro de suas possibilidades.
4.
Fidelidade
Os dons de Deus
fazem parte dos "mistérios de Deus". Escrevendo aos coríntios, Paulo
ensina que devemos ser vistos pelos homens, todos os crentes, como
"ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus" (1Co 4.1).
A Bíblia nos
declara que significa esse mistério. "... aos quais Deus quis fazer
conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é
Cristo em vós, esperança da glória" (Cl 1.26,27). Aí, temos "o
mistério" revelado: "Cristo em vós, esperança da glória"! Esse
mistério foi revelado "para que, agora, pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus"
(Ef 3.10).
PR.
Elinaldo Renovato de Lima (na imagem a cima)
Fonte:
Ensinador Cristão, n°58 / Divulgação: site Subsídios ebd